A cor do respeito

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Imagine que uma menina de dez anos está indo para a escola a pé. No meio do caminho, dois homens em uma caminhonete param ao lado dela e começam a insultá-la. Ela abaixa a cabeça e continua caminhando. Eles falam sem parar sobre a cor da sua pele. Tiram sarro do seu cabelo. Atiram frutas nela e vão embora. Aí essa menina chega na escola. Lá, outros alunos também a insultam pela cor da sua pele. Agora imagine que essa menina é branca, olhos azuis e cabelo loiro.

É fácil dizer que racismo não machuca, ou pior, que nem existe, quando não se é a pessoa que está sendo vítima dessas agressões. É assombrosa a quantidade de gente que ainda insiste na segregação, que não gosta de alguém só por conta da cor de sua pele. A maioria ainda o faz à boca pequena, em pequenos círculos de conversa. Mas ainda há muitos que nem se preocupam em esconder isso e chegam a postar comentários racistas, mesmo sabendo ser crime. Como se a cor da pele tornasse automaticamente alguém menos capaz.

O que temos em nosso país é sim um resultado dessa segregação. Estudos mostram que pessoas negras em média não recebem o mesmo salário que os que não negros, ou que não ocupam tantos cargos de liderança. O mesmo ocorre na política ou outras áreas. Mas isso não se dá por menos capacidade e sim por menos oportunidades. Indiferente da cor da pele, se a pessoa não tiver condição de estudar em boas escolas terá mais dificuldades quando for disputar uma vaga no mercado de trabalho com quem teve a chance de se preparar mais. O sistema de cotas nas universidades tenta corrigir essa distorção. Chegando lá na frente com o mesmo preparo, as chances serão iguais, sendo negro, branco, amarelo ou índio.

Por isso que o assunto nunca deve sair da pauta. Deve ser discutido todos os dias, esmiuçado. Estão saindo na edição de hoje de O Popular do Paraná algumas reportagens nas páginas 10 e 11 sobre ações que grupos de teatro, professores, diretores, alunos e comunidade fizeram sobre o Dia da Consciência Negra. São tra­balhos fabulosos, cheios de energia que, além de não se calar contra o racismo, provocam as pessoas a pensar no assunto e reforçar o fato de que somos todos iguais. Pense nisso e boa leitura.

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