Caminhões de toras detonam estradas rurais de Guajuvira

Sem fiscalização adequada, dezenas de carretas bitrem passam diariamente pela comunidade de Guajuvira
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Sem fiscalização adequada, dezenas de carretas bitrem passam diariamente pela comunidade de Guajuvira
Sem fiscalização adequada, dezenas de carretas bitrem passam diariamente pela comunidade de Guajuvira

Há 50 anos, o senhor Zeferino Claudio Czanozski decidiu morar na comunidade de Guajuvira para ter o sossego que sempre sonhou. No entanto, sua tranquilidade, saúde e bem estar têm sido prejudicados nos últimos meses. “Nossas estradas estão muito danificadas e a poeira, principalmente no tempo seco, é algo terrível por aqui. Ninguém merece isso!”, afirma.

Segundo ele, o motivo dos problemas pesa mais de 60 toneladas e vem em comboio. “Todos os dias passam muitos cami­nhões pesados aqui nas estradas rurais tentando desviar a balança porque estão carregando muito peso. Só que a comunidade sofre as consequências dessa atitude”, lamenta. “E é interessante que sempre começa com apenas um caminhão. Só que eles falam para os outros que tudo está tranquilo, e logo vem um monte de carretas carregadas com toras, uma atrás da outra”.

De acordo com a senhora Nadja Kulevicz, presidente da Associação de Moradores de Guajuvira, o senhor Zeferino é apenas uma das centenas de pessoas afetadas pela situação. “Muitas famílias da comunidade vêm nos procurar reclamando das más condições nas estradas, e várias delas têm dificuldade para levar suas verduras até a Ceasa por conta disso”, explica. “Sem contar que tem um abaixo-assinado da comunidade do Campestre pedindo para diminuir o fluxo desses caminhões porque a saúde dos moradores está sendo prejudicada”, completa.

Para Andre Marques, administrador regional de Guajuvira, o fato tem dificultado a manutenção das vias rurais e causa gastos excessivos do dinheiro público. “Essa quantidade de caminhões bitrem que passa por aqui levando toras para a Berneck causa estragos diariamente nas estradas, então não conseguimos acompanhar os consertos com a mesma agilidade em que os buracos aparecem. Sem contar que temos 160km para realizar manutenção e somos obri­gados a focar somente nas vias principais devido a isso”, explica.

Segundo ele, os caminhões deveriam fazer seu percurso pela Rodovia do Xisto, mas insistem em aumentar o trajeto em quase 20km com o objetivo de fugir da temida balança. “Então eles passam pela região do Caulim e Fazendinha, onde desviam atrás dos guardas, entram em Contenda sentido Camunda ou na Euclides Gonçalves Ferreira. O pior é que também passam pelo Centrinho de Guajuvira e pegam a estrada do Campestre sentido caixa d’água na PR 423, estragando tanto o asfalto como as estradas rurais”, lamenta.
Legenda 2 - Cópia
O que dizem as autoridades

De acordo com a Secretaria Municipal de Obras Públicas de Araucária, muitas denúncias já foram recebidas, mas a solução existente não depende da SMOP. “Nós não temos como avaliar o que acontece lá. A saída seria aumentar a fiscalização na região para que esses cami­nhões passassem pela balança”, garante o secretário Fábio Alceu Fernandes.

Dessa maneira, o problema seria colocado nas mãos na Polícia Rodoviária Federal. Entretanto, a PRF informa que não pode entrar nas estradas rurais multando os caminhões. “Nossa função é monitorar a rodovia do km 143 até o km 198 na Lapa, além de todo o contorno sul e um trecho na região do Parque Barigui. Então, não podemos mobilizar nossa equipe para outras regiões”, informa Wilson Oliveira, chefe da Unidade Operacional Araucária.

Segundo ele, o que deveria ser feito é sinalizar as áreas que enfrentam o problema e realizar um trabalho conjunto entre a Guarda Municipal e as equipes de trânsito de Araucária. “Assim, poderiam fazer uma restrição de peso para o tráfego nessas vias e fiscalizariam o cumprimento dessa restrição”, explica.

O problema, segundo a Secretaria de Urbanismo, é provar que os caminhões estão acima do peso. “Nós não temos uma balança, então não podemos multar os motoristas por uma suposição. Vamos colocar a sinalização nos locais, mas sabemos que as pessoas continua­rão descumprindo a lei. Afinal, alguém que está fugindo da balança pode estar sem nota fiscal, apresentar informações falsas na nota e, com isso, ser participante de um crime. Então, a situação vai muito além”, pontua o secretário Elias Kasecker Junior.

Dessa maneira, o tráfego pesado intenso na região de Guajuvira continua sem solução e moradores como o senhor Zeferino Claudio Czanozski aguardam, ansiosos, pelas mudanças. “Além de sossego, saúde e segurança, nós queremos o cumprimento da lei”, finaliza.

Resposta da Berneck

Procurada pela redação do Jornal O Popular do Paraná a respeito da rota realizada pelos caminhões que transportam toras na região de Guajuvira, a empresa Berneck S.A. Painéis e Serrados afirma que não é a única empresa consumidora de madeira na região metropolitana de Curitiba.

Além disso, ela explica que o transporte da matéria-prima que utiliza é efetuado por terceiros contratados e que a origem da madeira provém de diversas localidades. “Sendo assim, a Berneck não tem controle direto sobre a rota utilizada pelos transportadores/fornecedores. De todo modo, a Berneck levantará mais informações sobre o fato e encaminhará esclarecimentos se for necessário”, promete.

Texto: Raquel Derevecki / FOTOS: DIVULGAÇÃO

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