Cardiologista da Clínica São Vicente alerta sobre os cuidados necessários para quem tem pressão alta

Foto: Freepik
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Cardiologista da Clínica São Vicente alerta sobre os cuidados necessários para quem tem pressão alta
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A hipertensão arterial um problema de saúde pública. E a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para o número crescente de casos. Conhecida como “inimigo silencioso”, a doença nem sempre apresenta sintomas e afeta pessoas de todas as idades e condições sociais, inclusive afeta ainda crianças e adolescentes. O médico cardiologista da Clínica São Vicente Araucária, Rafael Petracca Pistori, alerta sobre os perigos da doença, e cita entre os principais fatores de risco, além da predisposição genética, o consumo cada vez maior de uma alimentação rica em sódio, o sedentarismo e a obesidade. Ele lembra que a hipertensão arterial é uma doença crônica causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e sociais e que a elevação da pressão arterial geralmente ocorre quando existe uma predisposição genética associada ao ganho de peso, sedentarismo e dieta inadequada. “Além da questão genética, vários outros fatores influenciam na pressão arterial. O envelhecimento por si só aumenta o risco da doença, pois, com o passar dos anos, as artérias vão ficando mais rígidas, o que aumenta a pressão dentro delas. O excesso de peso e o sedentarismo também têm relação direta com o aumento da pressão. A ingestão excessiva de sódio também é um fator de risco comprovado para hipertensão. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o uso de drogas ilícitas, como cocaína e maconha, também elevam os níveis de pressão. Por fim, existem medicamentos comumente utilizados que aumentam a pressão e devem ser usados com cautela, como descongestionantes nasais, antiinflamatórios, alguns tipos de antidepressivos e hormônios”, explica o cardiologista.

A pressão arterial é considerada alta quando a pressão sistólica (máxima) está maior ou igual a 140 mmHg e/ou a diastólica (mínima) está maior ou igual a 90 mmHg. Pessoas com pressão arterial sistólica entre 130 e 139 mmHg e/ou diastólica entre 85 e 89 mmHg são considerados pré-hipertensos, pois apresentam maior risco de desenvolverem hipertensão e devem ser monitorados mais de perto. Dr Rafael ilustra que o diagnóstico de hipertensão usualmente é feito na quinta ou sexta década de vida (entre 40 e 59 anos), mas a prevalência ultrapassa 30% em adultos maiores que 18 anos. Cerca de 65% das pessoas acima dos 60 anos são hipertensos. Porém, a elevação da pressão arterial pode acontecer entre adolescentes e adultos jovens, e até mesmo em crianças. “O nosso estilo de vida atual tem elevado a incidência de hipertensão na faixa etária pediátrica. A alimentação rica em sódio, o sedentarismo e a obesidade são os fatores mais determinantes. Por essa razão, em Webinar da Sociedade Brasileira de Cardiologia, recomendou-se aferir a pressão arterial no consultório em crianças a partir dos 3 anos de idade”, orienta o cardiologista.

Doença silenciosa

Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial de 2020, 3 em cada 10 brasileiros acima dos 18 anos têm hipertensão. Se considerarmos pessoas acima dos 70 anos, 7 em cada 10 têm hipertensão. Porém, estatísticas brasileiras estimam que cerca de 30 a 40% das pessoas hipertensas não sabem que têm hipertensão.

Cardiologista da Clínica São Vicente alerta sobre os cuidados necessários para quem tem pressão alta
O cardiologista Rafael Petracca Pistori diz que crianças também podem ter hipertensão. Foto: divulgação

Dr Rafael comenta que o diagnóstico da hipertensão arterial é feito através da medida da pressão arterial. Aferições da pressão em duas ocasiões diferentes com valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg são suficientes para o diagnóstico de hipertensão, desde que feitas com a técnica correta. “Quando possível, é aconselhável validar as medidas registradas em consultório com medidas fora do consultório, como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA de 24 horas)”, diz o médico.

Ainda de acordo com ele, a frequência de medidas da pressão para acompanhamento da hipertensão arterial deve ser individualizada. Os cardiologistas avaliam os pacientes e orientam fazer as aferições caso a caso. “Não existe uma regra de quantas medidas realizar. A frequência diária de medidas pode ser até prejudicial, na medida que pode gerar ansiedade nos pacientes. No caso das crianças, a melhor forma de prevenir, diagnosticar e tratar a hipertensão arterial é fazer o acompanhamento regular com o pediatra. Crianças necessitam de equipamentos adequados para a medida da pressão. Aferições realizadas com manguitos (bolsa usada no braço) inadequados podem revelar valores falsamente baixos ou elevados e gerar angústia nos pais. Recomendamos aos pais solicitar orientações ao pediatra nas consultas de rotina”, recomenda o cardiologista.

Sintomas

Outro problema relacionado é a resposta à elevação da pressão, que é bastante variável entre as pessoas. “Muitos não têm sintomas quando apresentam uma elevação discreta da pressão, sendo essa uma razão pela qual a doença é subdiagnosticada. Já pacientes hipertensos de longa data podem tolerar níveis de pressão muito altos, sem manifestações clínicas ou somente com sintomas leves. Por isso, recomenda-se que a pressão arterial seja aferida em consultas de rotina, mesmo em pessoas assintomáticas, como uma forma de triagem para hipertensão”, sugere o médico.

Ele reforça que existem os chamados órgãos-alvo da hipertensão arterial e que a doença pode causar lesões estruturais e funcionais em vasos sanguíneos, coração, cérebro, rins e retina. “A pressão cronicamente elevada também causa danos no interior dos vasos sanguíneos de todo o corpo, o que predispõe à formação de placas de gordura (ateromas) e coágulos (trombos). Essas placas de gordura podem aumentar progressivamente e causar obstrução significativa ao fluxo de sangue, gerando isquemia. Se a isquemia acontece no coração, a pessoa pode ter um infarto agudo do miocárdio. Quando ocorre nas artérias que levam sangue ao cérebro, a pessoa pode sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). A isquemia nos membros inferiores pode provocar dor aos esforços e até oclusão arterial aguda. O mesmo processo de dano vascular ocorre em pequenas artérias dos rins e da retina, causando insuficiência renal e perda de visão”, alerta.

Coronavírus X Hipertensão

Dr Rafael explica que os pacientes hipertensos parecem ter um risco mais elevado de doença grave pelo novo coronavírus (COVID-19). De acordo com ele, o mecanismo exato é desconhecido, mas existem algumas hipóteses. As formas graves da COVID-19 estão associadas à formação de coágulos em pequenos vasos dos pulmões e a trombose em outros locais do corpo, como cérebro e membros inferiores.

“O dano vascular causado pela hipertensão arterial poderia predispor a esses eventos de trombose, aumentando o risco de complicações e morte. Porém, estudos adicionais são necessários para esclarecer a relação entre formas graves da COVID-19 e hipertensão arterial”.

Prevenção e controle

Para o cardiologista da Clínica São Vicente, a mudança para um estilo de vida saudável é fundamental para prevenção e controle da pressão arterial. Controle do peso, dieta saudável, redução da ingestão de sódio, aumento da ingestão de potássio, atividade física e redução do consumo de álcool têm impacto direto nos níveis de pressão e são recomendados. Uma pessoa que modifica seu estilo de vida pode reduzir a pressão arterial sistólica (máxima) em até 30 mmHg, sem uso de medicamentos. “Para exemplificar, uma pessoa com pré-hipertensão (pressão sistólica entre 130 e 139 mmHg) pode normalizar sua pressão apenas com mudanças de hábito. De forma semelhante, uma pessoa com pressão sistólica elevada (por exemplo, 146 mmHg) pode reduzir esse valor para níveis ótimos (por exemplo, 116 mmHg). O estilo de vida saudável é sempre recomendado e deve ser estimulado pelos profissionais de saúde, mesmo em pessoas sem hipertensão arterial ou pré-hipertensão”, afirma.

O médico lembra também que pessoas com pré-hipertensão, hipertensão arterial leve (estágio 1) e baixo risco cardiovascular podem tentar controlar a pressão apenas com modificações no estilo de vida, sem o uso de medicamentos. “Se essas medidas não forem efetivas, a prescrição de medicamentos está indicada. A maioria dos hipertensos precisará ao menos de uma medicação para controle adequado da pressão arterial”, orienta.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1263 – 27/05/2021

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