Há alguns anos, o poder público municipal nos vendeu a instalação de dezenas de câmeras de monitoramento pelas ruas de Araucária como a oitava maravilha do mundo. A cidade se tornaria um verdadeiro BBB, que contribuiria em muito com a segurança de seus moradores. Agora, o que vemos é que fomos – novamente – enganados.
Como sabemos, muitas dessas câmeras simplesmente não estão funcionando e, às que estão, pouco ou nada servem para – de fato – inibir a ação da bandidagem. Ouvi relatos de guardas municipais sobre os mais diversos tipos de problemas com esses equipamentos, o que demonstra que quando da sua implantação os gestores não pensaram o projeto da maneira correta.
Um desses problemas, por exemplo, é a própria limpeza da “redoma” que protege a câmera. Com o tempo, ela acumulou sujeira e hoje, apesar de o equipamento estar funcionando, pouco se consegue ver por conta dessa crosta de poeira. A solução para isso é relativamente simples, passar um paninho nesse vidro ou acrílico, não sei direito do que ele é feito. No entanto, para fazer isso, como as câmeras estão há alguns metros de altura seria necessário um caminhão com um suporte para içar a pessoa que irá passar o paninho. Mas a Prefeitura não tem um veículo assim.
A operacionalização desses equipamentos, embora seja simples, carece de um operador habilidoso, pois as câmeras precisam ser giradas de lá para cá em busca de algum sinal de irregularidade. Só que esse é um trabalho muito maçante, pois exige que o sujeito tenha um nível de concentração e foco muito grande, o que nem sempre os guardas que as operam conseguem fazer, até por conta do tipo de jornada de trabalho cumprida por eles, que é de doze horas seguidas. Justamente por conta disso, já tivemos episódios vergonhosos para as câmeras, de crimes que aconteceram bem debaixo de seus narizes e simplesmente não foram filmados.
Além desses problemas que, digamos assim, poderiam ter sido calculados, há ainda outros que podem acobertar uma ilicitude pelas fornecedoras de parte dos equipamentos. Isso porque, ao que parece, boa parte das câmeras que estão estragadas não têm as especificações que foram licitadas. Ou seja: a Prefeitura comprou um tipo de equipamento a empresa entregou outro e ninguém – aparentemente – reparou à época. Exatamente: compramos gato por lebre.
Com todos esses problemas, a nossa cidade que era para ter se tornado um BBB para a bandidada acabou se tornando uma BBF (Big Big Fraude) para nós, incautos, cidadãos, que um dia acreditamos que essas câmeras eram um avanço para a nossa segurança. Diante disso tudo, a pergunta que me faço é: além dos marginais que não são filmados cometendo seus crimes bem debaixo desses equipamentos, algum outro bandido se deu bem com a compra dessas porcarias?
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