Segunda Chance!

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Participei na semana passada de uma audiência pública realizada pela Câmara para discutir o aumento de cadeiras de vereadores a partir da próxima legislatura. A pauta voltou à baila desde que o Ministério Público identificou vícios no projeto de emenda à lei orgânica aprovado no ano passado e que ampliou as vagas no parlamento de onze para quinze a partir da próxima legislatura.

Algumas pessoas talvez não acreditem em segunda chance, mas creio eu que estamos diante disso: uma segunda chance para corrigirmos o erro cometido em 2015 e que resultou na ampliação do nosso quadro de vereadores.

Araucária, infelizmente, não está pronta para ter quinze vereadores. E quem diz isso é alguém que já acreditou que tal ampliação fosse benéfica para a nossa cidade. É forçoso reconhecer agora, no entanto, que não temos uma democracia madura o suficiente para tal. Este meu ponto de vista, aliás, tornou-se uma convicção inabalável desde a audiência pública da semana passada.

O que vimos naquele encontro foi uma grande maioria de pré-candidatos a vereador sem a mínima condição de ocupar uma cadeira em nosso Legislativo. Obviamente, não estou fazendo tal análise baseado na qualidade de alguns dos nossos atuais edis. Se estes fossem o parâmetro, talvez vários dos que postulam à Câmara teriam sim condições para tal.

Mas o parâmetro não pode ser o que temos e sim o que queremos. E o que queremos é uma Câmara qualificada, comprometida com o interesse público e não com projetos de poder deste ou daquele sujeito. E essa qualificação não vem com quantidade. Se fosse assim, não deveríamos discutir a elevação das cadeiras para quinze. Deveríamos é querer que elas fossem dezessete, o máximo permitido atualmente por nossa legislação. Algumas de nossas excelências, no entanto, não defenderam isso no passado e nem ousam defender agora porque a conta que eles fazem não é a da representatividade e sim uma que leva em conta um binômio simples: quantos votos eu precisarei para me eleger e quantos cargos depois eu vou ter. Como em quinze cadeiras, o resultado desta conta foi tranquilo, foi favorável, foi isso o defendido.

Ora, não houve ideologia partidária para se chegar a esse número, não houve pensamento público, não houve preocupação com representatividade e aqueles que disserem o contrário sem ruborizar, ou são pobres incautos ou cobras criadas da nossa política. O que houve neste processo todo é conveniência, nada mais.
Acredito que no atual estágio da nossa democracia, com ela sendo volta e meia utilizada para atender a interesses nada republicamos, as mudanças só devem acontecer quando está claro e manifesto o interesse da sociedade e, convenhamos, não é este o caso desta ampliação de vagas para vereadores. Há nas ruas de Araucária um claro descontentamento da nossa comunidade com essa medida. Nenhum cidadão comum deseja que a cidade tenha mais quatro edis e insistir com isso é – sim – desrespeitar a vontade popular. É sim dar uma tapa na cara de todo trabalhador araucariense.

Ainda temos tempo para que mais vereadores coloquem a mão na consciência e prefiram a cautela diante deste assunto. Não pensem nas promessas que vocês fizeram a seus pré-candidatos, não pensem na facilidade para se reeleger, não se ceguem diante de cargos, não prefiram a palavra empenhada com seus partidos em detrimento daquela mão que vocês estenderam quando de suas posses, jurando zelar pelo bem da sociedade araucariense como um todo.

E, você, prezado leitor, não se omita diante desta discussão. Participe. Deixe claro que não é o momento de se defender qualquer tipo de aumento, seja ele de vereadores, de salário de vereadores ou CCs de vereadores!

Até um próxima!

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