Araucária perde Tatuzinho, uma lenda do esporte amador da cidade

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Araucária perdeu na noite desta sexta-feira, 5 de maio, José Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Tatuzinho. Nascido em 1.939, ele trabalhou como pintor na Prefeitura de Araucária por décadas. Também foi político, sendo candidato a vereador do Município em algumas oportunidades. Porém, será pelo trabalho realizado como boleiro na cidade, que ele será eternamente lembrado.

Tatuzinho era morador do Conjunto Maranhão, no bairro Costeira, e não tem quem more na região que não o tenha conhecido pessoalmente ou pelo menos ouvido falar dessa lenda do esporte amador araucariense. Faleceu em razão de complicações de um câncer. Segundo a família, seu velório está programado para ter início por volta das 10h deste sábado (6) na capela mortuária do Cemitério Boqueirão, que fica na Avenida Independência. O sepultamento acontecerá no domingo (7) também por volta das 10h.

Em entrevista dada ao O Popular há alguns anos, Tatuzinho contou um pouco das peripécias que fizeram com que ele chegasse a Araucária. “Eu nasci em 1939 entre as cidades de Capoeira e Caetés, no estado do Pernambuco, e tive uma infância muito simples. Por isso, com uns nove anos de idade fui sozinho para o Rio de Janeiro”, contou naquela oportunidade.

Apesar de ter dito que nasceu em 1.939, seu documentos informavam que ele nasceu em 1.951. Porém, tendo nos deixado aos 84 ou 72 anos, respectivamente, é fato que ele deixará saudades. Era um homem que gostava de contar seus causos e de se gabar dos campeonatos de futebol que organizou.

Ainda quando concedeu entrevista ao O Popular, ele disse que chegou ao Rio de Janeiro no final da década de 1.940. “Eu dormia embaixo da ponte e em um pau de arara por quase um ano e meio até que engraxei os sapatos de um homem que decidiu me ajudar”. Ele contou que esse homem o levou para a casa de uma mulher que cuidou dele por alguns anos e ainda o auxiliou a conseguir seus primeiros documentos. “Fui registrado aos 17 anos, mas colocaram no documento que eu tinha dez anos”, explicou naquela oportunidade.

Tatuzinho ainda disse ao O Popular que após o homem que o acolheu no Rio de Janeiro ter falecido, ele se obrigou a ir para São Paulo, onde trabalhou no metrô. “Eu comecei a trabalhar como ajudante e fui recebendo promoções até que meu chefe, um dos maiores engenheiros da época, me convidou para estudar nos Estados Unidos”, garantiu.

Nos “States”, Tatuzinho trabalhou em diferentes empresas e fez um curso para se tornar mestre de obras. “Quando voltei ao Brasil já comecei a trabalhar em empresas terceirizadas da Petrobras e cheguei a comandar 1.500 funcionários. Por essa empresa trabalhei em Brasília, Poços de Caldas e Cubatão até chegar em Araucária. Aqui eu gostei da cidade e não quis mais sair”, rememorou.

Em Araucária, Tatuzinho fez concurso para a Prefeitura e conseguiu uma vaga como encarregado de pintura na Secretaria de Obras. “Trabalhei lá por 21 anos e ainda tive a oportunidade de me dedicar ao futebol amador de Araucária”, explicou.

Apesar da vitórias na vida profissional, foi o futebol que fez Tatuzinho ser conhecido em todos os cantos de Araucária. Ele contava que chegou a jogar como profissional quando mais jovem. “Eu até cheguei a jogar no profissional do Palmeiras e enfrentei times tradicionais como o Corinthians e o Santos, mas um acidente na época fez com que eu tivesse que me afastar”, afirmou.

Em Araucária ele jogou no antigo time do Seu Mané, depois migrou para o Columbia, Grêmio, São Paulo e Pinheirão. “Também joguei pelo Seleto do Paraná lá em Matinhos e acabei fundando em 1977 o nosso Seleto Futebol Clube, que venceu várias vezes a Primeira Divisão”, gabava-se. Sua trajetória no futebol inclui ainda a manutenção de escolinhas de futebol e a organização de diversos torneios na região do Conjunto Maranhão e em outros bairros.

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