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Por seis votos a cinco, a Câmara Municipal de Araucária aprovou na noite desta segunda-feira, dia 28, requerimento pedindo que o prefeito Albanor José Ferreira Gomes (PSDB) exonere seu irmão, João Lincoln Ferreira Gomes, do cargo de secretário de Governo da Prefeitura.

Os autores do requerimento foram os vereadores Clodoaldo Pinto Jr. (PDT) e Esmael Antonio Ferreira Padilha (PSL), que justificaram o pedido alegando que o irmão de Zezé não tem mais condições morais de ficar à frente da Secretaria de Governo, vez que teve sua condenação por crime do colarinho branco confirmada recentemente pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). “Consideramos inadmissível que uma pessoa condenada administre no Município um montante de aproximadamente R$ 6,6 milhões, assessore o prefeito e ainda coordene as demais secretarias municipais”, escreveram.

Apertada
Num primeiro momento, os argumentos de Clodoaldo e Esmael conseguiram convencer outros três vereadores: Alan Henning (PMDB), Rui Sérgio Alves de Souza (PT) e Wilson Roberto David Mota (PPS). Contrários à proposição se manifestaram Adriana Cocci (PTN), Alex Nogueira (PSDB), Francisco Carlos Cabrini (PP), Ismael Cantador (PTB) e Pedro Gilmar Nogueira (PTN). Os cinco argumentaram que ainda há possibilidade de recurso da decisão, que Lincoln pode ser absolvido em última instância e que os vereadores poderiam estar cometendo uma injustiça. Diante do empate, sobrou para o presidente da Casa, Pedro Ferreira de Lima (PMDB), resolver a pendenga, e ele não titubeou: também pediu exoneração do irmão do prefeito, afastando com isso a nuvem de desconfiança que pairava sobre sua relação com a administração tucana.

Argumentos
A aprovação do requerimento pedindo o afastamento de Lincoln foi precedida de um amplo debate. Quase todos os vereadores se pronunciaram, tanto os contrários ao requerimento como os favoráveis. Clodoaldo foi o primeiro e defender a aprovação e enfatizou a impossibilidade moral de Lincoln permanecer no cargo depois da confirmação da condenação por crime de gestão fraudulenta. Alex Nogueira, por exemplo, jurou que, caso o secretário de Governo seja condenado em última instância, ele mesmo pediria sua saída. Mesma argumentação fez Adriana Cocci, que acrescentou pimenta ao debate ao insinuar que um vereador da própria Casa já havia sido condenado e que nem por isso alguém pediu que fosse cassado.

A deixa de Adriana acertou em cheio Esmael Padilha, que respondeu em grande estilo. “Eu tive problemas com a Justiça por conta de uma briga pessoal e não por ter dado fim em dinheiro dos outros. Além disso, eu já acertei o que tinha que acertar com a Justiça”, retrucou. O vereador ainda questionou a coerência dos colegas de Casa contrários ao pedido de afastamento de Lincoln. “Agora pouco vocês votaram a favor de um requerimento que prevê que, para pleitear um ponto de táxi na cidade, o taxista não pode ser condenado, e agora vocês se manifestam de outra maneira no caso do irmão do prefeito?”, perguntou.
Outra boa argumentação a favor da saída de Lincoln foi feita por Rui, que ponderou que a permanência dele na administração tucana coloca sob suspeita toda a equipe de Zezé. Betão foi mais direto e insinuou que se fosse um pobre que tivesse cometido o crime já estaria preso há tempos.
Sugestão

Embora o requerimento aprovado pela Câmara tenha um peso político sem precedentes na relação entre o Legislativo e o Executivo local, o prefeito não é obrigado a acatar a ordem dos vereadores. O posicionamento da Casa de Leis Municipal deve ser encaminhado ao prefeito ainda nesta terça-feira.

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