“Coloquei na minha cabeça que eu iria vencer”
Marcos Tokarski enfrentou o câncer e volta ao Rally em setembro“Coloquei na minha cabeça que eu iria vencer”
Em 2008, o piloto araucariense foi campeão da Copa Peugeot

Boa colocação no Brasileiro de Rally 2005, campeão da Copa Peugeot 2008 e vencedor da etapa do Mundial da modalidade em 2010. Essas são algumas conquistas do piloto araucariense Marcos Tokarski que, além de vencer as provas, precisou superar obstáculos para continuar aproveitando as corridas, a família, os amigos e a vida.

De acordo com ele, sua paixão pelo automobilismo começou em 2002, quando ainda disputava no Rally de Regularidade. “Inclusive, fui vice-campeão do estado nesse ano”, conta. “Só que, em 2003, eu assisti uma competição de velocidade e, na hora que vi o primeiro carro passar, decidi que era aquilo o que eu queria”, recorda. Com a decisão de pisar ainda mais no acelerador, Tokarski começou a treinar forte e, logo, começou a disputar grandes competições e conquistar pódios inesquecíveis. “Na minha primeira prova, já consegui chegar em 4º”.

Os resultados continuaram e muitos troféus passaram a decorar a sala do piloto. “Consegui vários títulos, mas a vitória mais importante foi em 2010 quando eu e o navegador Laércio chegamos ao topo: uma etapa do Mundial de Rally, que aconteceu em Curitiba”. Segundo ele, essa corrida tinha mais de 350 km de distância, que eram percorridos em três dias. “E, mesmo com todo esse tempo de prova, nós ganhamos com uma diferença de 4,4 segundos”, comemora.

Com essa conquista, Tokarski estava pronto para enfrentar o mundo. No entanto, a vida o obrigou a esperar. “Logo depois que ganhei a etapa do Mundial, fui participar de uma exibição no mesmo lugar e, como tinha muita lama, acabei capotando”, lamenta. Isso fez com que o araucariense não tivesse condições de participar da etapa da Argentina. “Então perdemos a chance de levar o título do Mundial, que tinha tudo para ser nosso”.

Os problemas continuaram e, em novembro de 2011, Tokarski sofreu um grave acidente na etapa do Brasileiro que aconteceu em Pomerode, Santa Catarina. Lá, o piloto perdeu o controle do carro em uma curva e capotou quatro vezes. “Minha cabeça bateu bem forte e eu não conseguia nem abrir o cinto para sair do carro. Além disso, quebrei a mão e duas vértebras”. Ainda que o piloto soubesse que acidentes assim eram raríssimos, ele decidiu se afastar das corridas por alguns meses. “Meus familiares ficaram receosos, então precisei passar um tempo em casa. Mas eu estava decidido a voltar logo para as provas”.

O câncer
Infelizmente, o tempo perto da família não foi tão bom como o esperado. “Eu perdi 6 kg e também comecei a sentir fraqueza e muita dor nas costas. Achei que era stress”, recorda. “Depois, percebi uma bola grande no meu pescoço que dificultava minha respiração. Procurei um otorrino, fiz um ultrassom e uma tomografia. O médico me disse que podia ser um linfoma Não Hodgkin, aquele câncer que o Reynaldo Gianecchini teve”, conta. Com a possibilidade apresentada, o piloto procurou um oncologista para descobrir a verdade. “Peguei o resultado no dia 31 de abril e, em 1º de maio, um plantonista me informou que a dedução do otorrino estava certa. Fiquei sem chão”.

Com a notícia, Tokarski precisou mudar totalmente sua rotina para lutar contra a doença e voltar a correr. “Minha imunidade caiu a zero, então eu era obrigado a ficar trancado em casa sem contato com ninguém. Além disso, comecei as sessões de quimioterapia e coloquei na minha cabeça que eu iria vencer aquilo para correr na última etapa do Brasileiro de Rally 2012”.

Sua força de vontade mostrou resultado e, em outubro, o araucariense teve a felicidade de dizer adeus às quimioterapias. “A fé ajuda muito na recuperação, então eu nunca desisti e sempre pensei em voltar a correr porque é o que gosto de fazer”, compartilha o piloto que, sem treino e condicionamento físico, ficou em 2º lugar na última etapa do campeonato nacional em dezembro de 2012.

Ainda que tivesse conquistado uma boa colocação, ele decidiu afastar-se das pistas no primeiro semestre deste ano. “Fiquei trabalhando e ajudando outras pessoas que estavam passando pelo mesmo problema”.

Agora, ele afirma que está pronto para voltar oficialmente ao Rally de Velocidade. “Para isso, vou treinar no dia 7 de setembro ali no Salto da Ponte para enfrentar a penúltima etapa do Brasileiro nos 27 e 28 deste mês, em Cascavel”, adianta o piloto, que não garante pódios, mas promete persistir. “Sou apaixonado por automobilismo e não vou deixar de correr”, finaliza.