Comércio local enfrenta uma de suas piores crises
Nas maioria das lojas vendedores podem até cruzar os braços enquanto aguardam os consumidores

Empresários de Araucária estão reclamando da queda no movimento e no faturamento dos seus estabelecimentos. Segundo eles, o agravamento da crise econômica está refletindo em todo o País, fazendo com que o comércio some muito mais perdas do que ganhos.

Segundo alguns comerciantes, houve uma queda drástica na circulação de dinheiro, e eles acreditam que isso está ocorrendo porque o povo está endividado. “As pessoas fizeram muitos financiamentos para comprar a casa própria, carro zero, móveis, eletroeletrônicos e outros produtos, porque as facilidades apresentadas, como a quantidade de parcelas e os juros baixos, foram atrativas. Diante disso, comprometeram grande parte dos seus orçamentos. Como empresário do setor alimentício, percebo que as pessoas estão cortando gastos até em coisas essenciais como alimentação, tudo isso para economizar”, analisa Francisco Assis Wykrota, proprietário do Supermercado Adriane.

O empresário argumenta ainda que a crise de hoje é um reflexo da falta de planejamento e investimentos no passado. “A gente está colhendo o que plantou. Os municípios que se preocuparam em atrair indústrias e investir no comércio para gerar mais empregos e fomentar a economia, estão se desenvolvendo, o que infelizmente não é o caso de Araucária”.

Para o proprietário das lojas Calceki Calçados, Umberto Marineo Basso Filho, a curva econômica reverteu para baixo desde 2011, refletindo a conjuntura nacional. O empresário também credita a falta de dinheiro circulando no comércio ao endividamento dos cidadãos. “O povo está gastando mais com bens duráveis e deixando de comprar roupas, calçados e até alimentos, por serem perecíveis. Outro fator que está influenciando a queda nas vendas é a forte concorrência, e nem citamos aqui as vendas pela internet, porque isso é apenas um item a mais, mas ressaltamos o fato de as pessoas, mesmo sem perceber, terem se deixado iludir com as facilidades das compras a prazo, pagando em muitas parcelas, comprometendo seus orçamentos”, avaliou Umberto.

Importância de investir em publicidade
Luiz Aleixo Panek, da Raksa Materiais de Construção, concorda que o movimento no comércio tem oscilado muito nos últimos meses, mas procura usar isso como um argumento para criar novos meios de incrementar as vendas. “Mesmo em meio a crise econômica a escassez de dinheiro no bolso, o brasileiro não deixa de comprar. Pode até diminuir o volume de compras, mas continua gastando, e para atraí-los, o comércio deve investir mais em publicidade e promoções”, sugere.

Panek também afirma que o dinheiro sumiu do comércio porque as pessoas fizeram muitas dívidas e hoje estão tentando quitá-las, economizando mais. “O dinheiro pode estar curto também porque as pessoas podem estar segurando, por medo do que pode ocorrer com a economia do país. A nós empresários cabe continuar trabalhando e buscando meios de reverter este quadro”, disse.

E é focada na tentativa de reverter este quadro que a associação comercial (ACIAA), está trabalhando. “Já estamos planejando o segundo feirão de ponta de estoque e a Campanha Selo Legal está a todo vapor. Estas ações já vão ajudar a estimular as pessoas a comprarem em Araucária. Os empresários devem ter em mente que a queda do movimento nesta época do ano costuma ser esperada, no entanto, não devemos cruzar os braços, e sim nos mobilizar para mudar esta situação”, incentivou o presidente da ACIAA, Carlos do Valle.