Investigando a autoria do assassinato do operador de empilhadeira Edson Matheus Diogo, 38 anos, a equipe da Polícia Civil chegou até um adolescente de 14 anos. Para surpresa dos policiais, diante de representantes da Justiça, o menor confessou não apenas esse crime, mas também o homicídio do motorista profissional Idoaldo Veiga da Silva, 55. 

Com a filha no colo

Edson foi assassinado no dia 3, em frente a um bar show, próximo à casa dele, na Rua Primavera, no Jardim Tupi, no Bairro Campina da Barra. Conforme apurado pela Polícia, ele estava sentado com a filha de quatro anos no colo. O adolescente teria aparecido e, de repente, começado a atirar contra o trabalhador, que teria tombado no chão. Na fuga, o menor teria perdido um dos chinelos, voltado para pegá-lo e dado mais tiros contra Edson. Um vizinho que teria corrido para tirar a criança do local também teria sido baleado na mão.

O menor diz que cometeu o crime porque Edson o havia agredido, mas o titular da Delegacia, Rubens Recalcatti, desconfia da história. Para o delegado, o homicídio está relacionado ao latrocínio do agricultor Alfredo Grendel, exatamente um ano e seis meses antes, em 3 de julho de 2008. Segundo Recalcatti, o adolescente é parceiro dos irmãos Taborda (Carlos Henrique Teixeira, o Coquinho, Patrick José Taborda Chaves e Maicon Luiz Taborda, o Tabordinha) e um deles estaria envolvido no crime do ano retrasado e teria sido delatado por um adolescente que seria sobrinho de Edson.

A caminho do trabalho

Já Idoaldo foi assassinado no dia 13, quando saía de casa ainda de madrugada e caminhava até a residência de um colega para pegar o ônibus da empresa e seguir para o trabalho. Ele morava na Rua dos Ipês, no Jardim Tupi, no Bairro Campina da Barra, e andou somente poucos metros até a esquina da Rua das Orquídeas com a Rua Malva, onde o menor diz que tentou assaltá-lo. O motorista teria reagido, os dois teriam entrado em luta corporal e o garoto teria sacado a arma e atirado na cabeça de Idoaldo. No local, a Polícia encontrou um par de chinelos abandonado na rua, que seria do assassino.

Na data do crime, a principal hipótese era de crime passional e a suspeita caiu sobre o novo companheiro da ex-mulher de Idoaldo que com ele teria tido algumas desavenças e de quem teria recebido ameaças. O suspeito se apresentou na DP e negou envolvimento no homicídio, mesmo assim, o delegado o encaminhou para coleta de material genético, para ser comparado com o que havia sido colhido do par de chinelos encontrado. Agora, o adolescente será submetido ao mesmo procedimento, já que ele calça o mesmo número do calçado e diz ter perdido na cena do crime um com as mesmas características. Para Recalcatti, o envolvimento do ex-amásio não está descartado, porque o garoto pode ter praticado o crime por encomenda.

Bandido frio e calculista

De acordo com Recalcatti, o adolescente teve a apreensão decretada pelo juiz e foi encaminhado para o Educandário São Francisco, em Curitiba. “Ele foi apreendido com uma motocicleta Biz, placa ARE 1390, furtada. Diz que atirou em mais uma pessoa de nome Marcos e só não matou o rapaz porque a arma falhou três vezes. E conta que cometeu todos os crimes com a mesma arma: um revolver de calibre 38 pego emprestado dos irmãos Taborda”, conta o delegado. “Vamos investigar o envolvimento desse garoto em outras ocorrências, porque se trata de um adolescente frio e calculista.”, ele completa.