Escola municipal é acusada de estar perseguindo alunos
Alunos da Escola Municipal irmã Elizabeth Werka relataram ao Jornal O Popular que foram vítimas de preconceito

Situações que chegaram ao conhecimento do Jornal O Popular por meio de denúncias levantaram um debate sobre questões polêmicas como a expulsão de alunos e a homofobia nas escolas. Casos relacionados a estas questões teriam ocorrido recentemente na Escola Municipal Irmã Elizabeth Werka, localizada no Centro de Araucária.

O aluno G.S., 18 anos, relatou à nossa reportagem que foi expulso pela diretoria da instituição após ter sido acusado de estar portando drogas no banheiro, na companhia de outros colegas. Deste dia em diante, o garoto alega que foi chamado várias vezes na secretaria e sem muitas chances de defesa, teria sido “convidado” a se retirar da escola. “Um dia eu estava usando o banheiro, quando pegaram outro garoto com drogas, e por eu estar lá naquele momento, me acusaram de estar junto com ele. Tentei explicar o contrário, mas não me deram ouvidos, apenas me pediram pra não aparecer mais na escola. Eu estou sem estudar desde agosto, já perdi o ano, mas estou sem saber o que fazer”, contou.

O outro problema teria ocorrido com as menores A.G.S.F., 15 anos e T.G.S., 14 anos. Elas relataram à nossa reportagem que sofreram diversas perseguições devido as suas identidades sexuais. “Eu sou lésbica e namoro uma menina da escola, o problema é que fomos vítimas de fofocas de outros alunos, que foram à diretoria dizer que estaríamos ficando dentro da escola, o que não era verdade. O diretor nos chamou na diretoria, também chamou nossos pais e ameaçaram me expulsar porque ainda estou no 8º ano, já a minha namorada só não seria expulsa porque está no 9º ano, quase saindo da escola”, contou a garota.

Ela disse ainda que em função desse mal entendido todos a olhavam de forma estranha e a tratavam mal, e isso teria acarretado problemas de saúde. “Minha mãe, bastante preocupada, foi novamente a escola falar com o diretor porque eu comecei a passar mal devido a uma arritmia cardíaca que se agravou. Minha mãe falou que se o diretor continuasse a me perseguir ela denunciaria a escola à Secretaria Municipal de Educação, e dali em diante as coisas se aquietaram”.

A reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com a direção da escola, que alegou não estar expulsando ninguém, apenas conversando e orientando os pais. “Quando o aluno apresenta problemas, nós chamamos os pais e orientamos pela transferência dos filhos, mas nunca adotamos a expulsão, mesmo porque, sabemos que isso é proibido”, explicou a direção.

Expulsão não!
A Secretaria Municipal de Educação (SMED) afirma que a expulsão de alunos vai contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e que a escola pode adotar uma série de outros encaminhamentos e buscar apoio de órgãos como o Conselho Tutelar, Juizado da Infância e da Juventude e outros para tentar uma solução. “A SMED tem posição contrária a qualquer tipo de expulsão e cada caso precisa ser analisado em separado. Se alguma escola adotar esta prática, deverá ser responsabilizada”, explicou o secretário Ronaldo Assis Martins.

A promotora da Infância e da Juventude, Leidi Mara Wzorek, também falou que a expulsão vai contra as leis e se as escolas devem buscar alternativas pedagógicas e apoio de outros órgãos para resolver a situação. “Dos casos citados, apenas a expulsão do garoto chegou ao conhecimento da Promotoria, mas de forma extra-oficial, por isso, estamos aguardando que os pais nos procurem para tomarmos as medidas cabíveis. O que eu posso adiantar é que qualquer escola que tome esta decisão ilegal poderá sofrer um processo administrativo. Ainda com relação ao garoto, quando o caso chegar até nós, vamos ouvir os pais e a escola e, se for comprovado algo de errado, a Promotoria poderá entrar com pedido de reintegração do aluno à escola, porque expulsão é proibido e ponto”, ponderou a promotora.