Desde o início deste ano letivo várias escolas municipais de Araucária de 5ª a 8ª série estão dando diariamente 15 minutos a menos de aula. Até o final do ano passado os estudantes das séries finais do Ensino Fundamental tinham quatro horas diárias de aula – já descontados aí os quinze minutos de recreio – que não contavam. Este ano, no entanto, os diretores de algumas instituições de ensino deram um jeito de fazer com que o período em que os alunos estão relaxando no recreio também passasse a contar como aula dada.

Segundo o diretor geral da Secretaria Municipal de Educação, Wilson Ubiratan Fernandes, não se trata apenas de considerar o recreio como horário de aula e sim de um projeto pedagógico que as escolas estão apresentando à SMED. É o chamado recreio orientado, onde professores desenvolvem atividades com os alunos no período de intervalo de aula. “A Secretaria de Educação está aceitando que o horário de recreio seja considerado como aula dada desde que haja estas atividades orientadas durante os 15 minutos de intervalo”, afirmou Bira.

Os quinze minutos a menos de efetiva aula dada representam 6,25% do total de aulas que os alunos têm direito todos os dias. Considerando que as séries finais do Ensino Fundamental duram quatro anos, é como se os nossos discentes deixassem de ter ao término deste período 50 dias de aula. Ou seja, de quinze em quinze minutos, os estudantes araucarienses ficarão sem aulas quase dois meses ao término do antigo ginásio. Isto, cogitando a hipotética ideia de que nenhum deles vai reprovar.

Nem todos

É bom salientar que nem todas as escolas municipais de Araucária adotaram o tal do recreio orientado. No entanto, os diretores que ainda não o adotaram estão enfrentado pressões gigantescas do professorado, que querem sair mais cedo de qualquer jeito.

Sobre o assunto, a presidente do sindicato que representa o magistério local, o Sismmar, Giovana Piletti, considera que quinze minutos a mais ou a menos de aula não deveriam ser o centro do debate. “Mais importante do que isto é discutirmos qualidade da aula dada, seja ela de 45 ou 50 minutos”, afirmou. Ela também disse que o Município deveria começar a discutir a implantação do ensino em tempo integral como forma de fazer com que os alunos passassem mais tempo no espaço escolar.

Já a secretária de Educação, Maria José de Paula Lima Dietrich, disse que o recreio é um espaço pedagógico, onde a criança interage com os outros colegas e, a partir do momento que este tempo passa a ser orientado pelos professores, não há porque não considerá-lo horário de aula. Ainda segundo Nêga, o encurtamento do horário de aula visa também corrigir a diferença que existe entre a hora-aula e a hora-relógio. “Esta era uma discussão que existia entre a Secretaria de Educação e os professores desde a gestão passada, no entanto, o antigo prefeito não aceitou esta reivindicação dos professores e é isto que estamos fazendo agora. Além disso, ao definirmos que o horário de aula será das 7h30 às 11h30 facilitamos, entre outras coisas, a questão do transporte escolar dos alunos e dos professores”, finalizou.