A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou nos últimos dias o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), criado pela entidade para acompanhar a evolução socioeconômica de todos os 5.565 municípios do país. Na versão 2012 da pesquisa, que considera dados do ano de 2010, Araucária aparece como o quarto município paranaense mais desenvolvido e o 55º do Brasil.

Para chegar a esse número, o estudo leva em conta dados de três áreas distintas: Emprego & Renda, Educação e Saúde. As informações são coletadas de estatísticas públicas oficiais, disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais perto de um maior é o desenvolvimento da cidade. Araucária, por exemplo, nos dados consolidados alcançou a média de 0.8760, ficando atrás apenas de Curitiba, Londrina e Maringá, respectivamente.

Por área
O resultado obtido por Araucária, num primeiro momento, é algo a ser comemorado. O cenário muda, no entanto, quando verificamos mais a fundo as pontuações obtidas pela cidade em cada uma das áreas analisadas. Isto porque a nota que fez com que o município fosse alçado às primeiras posições do IFDM veio da área Emprego & Renda. Neste quesito, diga-se de passagem, alcançamos a nota máxima entre todas as cidades do Brasil. Exatamente: fomos o primeiro lugar nacional.

Para chegar a esta nota, o estudo levou em conta três variáveis: 1) geração de emprego formal; 2) estoque de emprego formal; 3) salários médios do emprego formal. Acontece que os dados foram coletados num momento atípico de nosso município, que foi o ano de 2010, quando as obras de modernização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) estavam em seu auge e emprego era o que não faltava por estas bandas.

A prova cabal de que a nossa cidade não é lá essas coisas considerando o tamanho de nossa receita se dá quando analisamos as notas individuais obtidas nas outras duas áreas analisadas: Saúde e Educação.

No caso de Saúde, que leva em conta o número de consultas pré-natal, óbitos por causas mal definidas e óbitos infantis por causas evitáveis, ficamos na vergonhosa 155ª posição entre os 399 municípios do Paraná e na 717ª entre os brasileiros. Muito pouco para uma cidade que destina anualmente algo em torno de R$ 120 milhões de seu orçamento para as despesas com saúde.

A situação fica mais feia ainda quando o setor analisado é o da Educação, que considera seis variáveis: 1) taxa de matrícula na educação infantil; 2) taxa de abandono; 3) taxa de distorção idade-série; 4) percentual de docentes com ensino superior; 5) média de horas-aula diárias; 6) resultado do IDEB. Neste aspecto, pasmem, ficamos apenas com a 343ª nota entre as cidades do Paraná e 3273ª posição no ranking nacional. A pontuação é tão ridícula que nos coloca atrás de cidades como Fazenda Rio Grande, Campina Grande do Sul, Balsa Nova e Colombo. Todas elas com orçamentos infinitamente menores do que o de Araucária, que despeja nos cofres da Secretaria Municipal de Educação algo em torno de R$ 140 milhões todos os anos.