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Medo está dentro das escolas
Insegurança faz pais levantarem a possibilidade de não mandar mais seus filhos à escola

O debate sobre como lidar com a violência nas escolas mais uma vez volta à tona. Na quarta-feira, 07, uma troca de tiros próximo à Escola Estadual Agalvira Pinto assustou alunos e professores. De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado, Gislene, diretora da escola, relatou que um indivíduo trajando bermuda de cor bege e jaqueta de cor preta teria efetuado vários disparos com arma de fogo próximo ao colégio. Conforme relato, um dos tiros atingiu de raspão o carro de Gislene, que estava estacionado em frente ao colégio.

Informações colhidas no local com o apoio da patrulha das escolas, apontam que o autor dos disparos estava buscando acerto de contas com dois ex-alunos da Escola Agalvira por possível envolvimento com tráfico de drogas. No local foi recolhido um estojo cal. 9mm, que foi entregue na Delegacia da Polícia Civil de Araucária. Para buscar mais informações, O Popular marcou uma conversa com a diretora, mas ao chegar à Escola, não conseguimos a localizar, até o fechamento dessa edição, O Popular não conseguiu novo contato.

Medo
De acordo com levantamento feito pelo economista e especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, publicado no site UOL, em abril deste ano, a presença de armas de fogo nas escolas faz parte do cotidiano, segundo diretores de 1.427 unidades públicas que responderam ao questionário da Prova Brasil de 2007. O número representa cerca de 3% do total de dirigentes que responderam à pesquisa.

A sensação de medo assombra tanto alunos, quanto os pais, que ficam atordoados com a ideia de saber que seus filhos não estão seguros onde deveriam estar sendo educados. “Não estamos mais querendo mandar nossos filhos pra escola não, a gente ta com medo. A gente tava chegando na Escola quando houve os tiros, ali não tem segurança nenhuma. Ano passado já mataram um menino meus filhos não querem mais ir e eu não sei o que fazer”, discorreu a mãe de dois alunos da escola.

“Conversei com a escola, mas falaram que não foi dentro dalí, mas e daí? A criança ta chegando e leva bala perdida? Mas como isso aí? Faz tempo que estamos falando sobre isso. Pedimos socorro pra escolas, pro governo, ta tudo abandonado. Só queria que o governante desse um jeito nisso, coloque mais segurança, tá acontecendo tanta coisa nessa escola, será que o prefeito não vê isso?”, completou.

Morte
Jhonatan Henrique Nassif Ferreira, 15 anos, morreu dia 05 de novembro de 2010 em decorrência do tiro que levou dentro do terreno do Colégio Estadual Professora Agalvira B. Pinto (Jardim Industrial). O adolescente cursava o 1º ano do ensino médio nessa escola à noite, e, no momento, brincava de futebol na cancha do local. Em dado momento a bola é chutada e cai fora da escola e, enquanto esperam o retorno, Roger de Souza Soares surge com uma arma na mão.

De acordo com informações da equipe de investigação da Delegacia de Polícia Civil, Soares estava tentando chamar atenção. Contudo, a bala atravessou a cabeça de Ferreira e ainda atingiu a perna do colega que estava sentado ao lado dele. Os dois baleados foram socorridos por populares e encaminhados ao pronto socorro do NIS III, de onde Ferreira foi transferido para o Hospital Cajuru, em Curitiba, por volta de 22h. Ele foi operado e ficou internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu ao ferimento. O colega dele recebeu os cuidados médicos necessários e teve alta.

Em setembro deste ano, Roger de Souza Soares se apresentou para a Polícia Civil de Araucária. Ele é acusado de cometer o crime que chocou a cidade, quando tirou a vida do estudante. De acordo com informações repassadas pelo investigador Mauro Damaceno, o crime não foi proposital: “Talvez querendo se exibir e imaginando que a arma estivesse descarregada, o jovem de 19 anos aponta na direção da vítima, aperta o gatilho e um estampido se ouve. Matar não era sua intenção”.

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