Menor é preso por tráfico de drogas
Traficantes usam menores de idade para o comércio de entorpecentes

Mais um menor entrou para o alto número das estatísticas que analisam o envolvimento de jovens com o tráfico de drogas. Viatura da Guarda Municipal, enquanto realizava patrulhamento no Jardim Planalto no início da madrugada de quarta-feira, 11, localizou três indivíduos em atitude suspeita na Rua Henriqueta Borazzo, esquina com a Rua Luiz Gustavo. Na abordagem, encontrou em posse do menor conhecido como “Manchinha”, 14 anos, 49 pedras de crack, mais certa quantia em dinheiro. De acordo com o superintendente Luiz Pereira, é a terceira vez que o menor é preso pelo mesmo crime. No momento, “Manchinha” está detido em Contenda aguardando vaga no Centro de Integração do Menor.
 

Tráfico entre menores
Um levantamento feito pelo Grupo UN, baseado em ocorrências policiais de 2007 a 2011, aponta que a participação de adolescentes menores de 18 anos no tráfico de drogas teve um aumento de 35% em todas as regiões do Brasil. O número tem como base informações de vários veículos de comunicação e demorou cerca de 30 dias para ser apurado. Em 2007, de cada 200 prisões relacionadas ao tráfico de entorpecentes, feitas pela polícia militar, 50 eram de menores de idade. Nos primeiros meses de 2011 este número saltou para 120, o que representa 65% do total.

O artigo 228 da Constituição da República estabelece que os menores de dezoito anos são inimputáveis, não podendo se submeter às penas previstas no Código Penal. Dessa forma, o menor de idade não comete crime, mas ato infracional, estando sujeito às medidas sócio-educativas previstas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. “Com o uso dos menores para o tráfico, os traficantes ficam impunes e os menores recebem penas brandas; isso, com certeza, intensifica o uso dos menores para o tráfico”, afirma o delegado chefe do município de Araucária, Haroldo Davison.

De acordo com ele, este é um problema gravíssimo baseado na desestruturação das famílias. “Utilização dos menores para o tráfico existe há muitos anos, eles funcionam como mulas para entrada da droga nas fronteiras e nas cidades são usados na distribuição”, afirma. O Delegado afirma que o vício, a falta de atenção da família e o dinheiro fácil são os principais atrativos para a entrada dos jovens no mundo do tráfico. “Torna difícil a ação da polícia o fato de as famílias de renda mais baixa encobrirem os menores que realizam estas atividades; fazem isso porque é um dinheiro que entra na casa, menos um filho para se preocupar. Hoje em dia não vemos mais cuidado, carinho e amor em muitas famílias, e isto se reflete no envolvimento cada vez mais cedo dos jovens com as drogas”, conclui.