Na sede da se encontra organizada cozinha e banheiros comunitários para quem não tem as estruturas
Mais de mil famílias, como afirmou o líder comunitário João Batista Menezes, conhecido como Polaco, estão instaladas em um terreno particular nomeado agora como Jardim Alegre e Jardim Glória, que fica às margens da Rua Presidente Costa e Silva, no bairro Costeira. De acordo com João, as famílias começaram a ocupar a área depois que uma pessoa se dizendo procuradora da área os procurou afirmando que eles poderiam ocupar o espaço e construir suas residências, porém, como afirmaram, tudo não passou de um golpe, já que a verdadeira proprietária é de Curitiba e não estaria sabendo de nada.
“Nós somos trabalhadores e ganhamos apenas um salário mínimo, com esse valor não conseguimos pagar aluguel e dar uma alimentação digna para nossa família. Você acha que se a gente não tivesse confiado nela a gente largaria tudo e viria para cá com nossas famílias? Eu fiz empréstimo para comprar material para construir, tem gente que vendeu os móveis da casa para poder construir um teto aqui”, falou Jaine, uma das moradoras. Érica, 21 anos, catadora de papel, com um filho de 1 ano e 4 meses e outro na barriga conta sua história: “Morava na Caximba em casa alugada, chovia e alagava tudo, tinha que sair correndo com meu filho. Aqui vai ser construída uma creche comunitária, vou poder deixar meu filho e ir trabalhar”.
De acordo com Polaco, logo após o pessoal ocupar o terreno, a procuradora avisou a proprietária sobre a invasão, informando que ela tinha que vender rapidamente as terras: “Aí tinha um comprador, mas ele era nosso conhecido e desistiu da compra. Tem imagens da procuradora aqui no terreno com a gente, temos documentos. Ela falou que ou ia ganhar uma indenização da Prefeitura ou ia vender o terreno por R$ 2 milhões e meio e ia ficar com um milhão. Ela quis causar impacto, dar um golpe, mas quando não deu certo ela sumiu”, afirmou Polaco.
Sem apoio de qualquer entidade, enquanto aguardam o andamento da situação, a população da ocupação tenta se organizar: as casas estão numeradas, com luz e água puxadas irregularmente das ruas, eles possuem banheiro e cozinha comunitárias, sede para reuniões e espaço para os cultos religiosos. As próximas metas são construir um parque e creche para as crianças, além de um barracão que seja um centro cultural. “A gente só não quer ficar mudando de lugar, se for preciso a gente compra o terreno, mas que seja por um preço justo, acessível”, finaliza a moradora Karine.
Desocupação
Como já noticiado anteriormente por nossa reportagem, no dia 10 de outubro, tão logo tomou conhecimento da invasão, a proprietária da área, que mora em Curitiba, entrou com uma ação de reintegração de posse junto ao Poder Judiciário. O pedido foi deferido pelo juiz da Comarca de Araucária, Evandro Portugal, no dia 5 de novembro. A ordem judicial tinha prazo até o dia 20 de novembro para ser cumprida, mas, até o momento, nenhuma ação policial foi mobilizada. De acordo com o Capitão da Sampaio, da 2º Companhia da PM local, estão sendo realizados os últimos detalhes para que se efetive esse cumprimento: “o efetivo está sendo articulado para que seja realizada a realocação. Faremos todo esforço para evitar o uso da força, mas é uma ordem judicial e quem desrespeitar receberá as medidas necessárias. Comunicamos que a operação será feita ainda esse mês, então é melhor que as famílias já comecem a desocupar a área”, finaliza.
Em contato com a Secretaria de Urbanismo, fomos informados que não existem informações detalhadas sobre a ocupação que confirmem, por exemplo, a versão dos fatos dadas pelos invasores. Conforme afirmaram, a informação que possuem é a geral: A invasão começou pouco antes do dia das eleições – 7 de outubro – na Rua Presidente Costa e Silva, no bairro Costeira, e se instalou de forma rápida e organizada com loteamentos irregulares.
Contato
A redação de O Popular tentou ligar várias vezes para a procuradora acusada pelos invasores de enganá-los, porém, até o fechamento dessa edição, não fomos atendidos e não recebemos retorno.