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Moradores só querem que a síndica preste contas
Condomínio que está sendo palco de intrigas entre moradores

A relação entre alguns con­dôminos e a síndica do Conjunto Residencial Serra Dourada, localizado no Centro de Araucária, está ficando cada vez mais difícil. A briga entre as partes já dura meses e, conforme o tempo passa, mais tensa fica.

“O principal drama do nos­so condomínio é a falta de transparência na prestação de contas”, explicou um dos moradores que veio pessoalmente à redação do Jornal Popular fazer a denúncia, mas que preferiu manter o nome em sigilo por medo de perseguição. Ele mora no condomínio há 14 anos e conta que a relação entre moradores e síndicos sempre foi tranquila, mas há alguns meses a confusão se instalou no local, principalmente após os moradores terem recebido os últimos boletos de cobrança do condomínio com várias taxas extras a serem pagas e a atual síndica ter se negado a apresentar documentos que comprovem os gastos.

“Não estamos acusando ninguém de nada, apenas queremos ver pra onde está indo nosso dinheiro, se é com obras ou compras que de fato são necessárias. Se está tudo de acordo, não entendo porque a síndica se recusa a mostrar os balancetes aos moradores”, criticou. O morador comentou ainda que quando ela é procurada para prestar contas, diz que não vai mostrar nada e quem quiser pode procurar seus direitos. “Ela age como se estivesse em um quartel, fosse o general e nós seus subordinados. Faz ameaças às pessoas, intimida, isso não é postura de um gerenal?”, diz.

Outros três vizinhos que também estiveram pessoalmente no O Popular concordam com o morador. “Ela é a síndica, mas isso não lhe dá o direito de fazer o que bem entende. Nós não estamos pedindo nada além do que temos direito, do que está previsto no Regimento Interno do condomínio, no Capítulo III, que fala dos direitos dos condôminos, no artigo 7º, que diz que podemos examinar, a qualquer tempo, os livros e arquivos da administração e solicitar esclarecimentos ao administrador ou síndico”, pontuou uma moradora, que também preferiu não se identificar.

“Deveria ter mais transparência na prestação de contas. Tentamos pedir verbalmente os balancetes, mas ela se recusou e ainda foi grossa. Tentamos depois, através de pedidos formais, por escrito, e também não deu em nada.
Ou melhor, deu em ameaças e represálias contra o grupo – cerca de 40 apartamentos que está contra ela. Só queremos o direito de ter uma boa administração. Afinal de contas, é o lar de todo mundo, tem que ter harmonia entre os moradores”, falou a moradora.

Outra moradora comentou que falar de condomínio é falar de diversidade, mas também de respeito e bom senso. “Nós gostaríamos que houvesse assembleia limpa e democrática e que a síndica trabalhasse com dignidade, colocasse às claras para os moradores as contas. Cada boleto que recebemos vem com uma cobrança diferente”.

Sindica contesta
A síndica do Serra Dourada, Nádia Baumbach, contestou as acusações dos moradores e alegou que sempre esteve aberta a conversas e que as contas estão disponíveis a qualquer hora, para quem quiser ver.

Ela recebeu a redação do Jornal O Popular na tarde de quarta-feira, dia 4, e, de fato, apresentou to­dos os documentos relativos a compras, projetos de obras que estão sendo feitas no conjunto, assinaturas de engenheiros, cotações de preços, livros ata, entre outros.

“Tá tudo aqui, eles podem vir aqui ver os documentos quando quiserem, nunca me neguei a prestar contas. Faço tudo dentro da legalidade, não aceito que duvidem de mim. Não vou pregar os balancetes nos portões dos blocos, porque seriam capazes de arrancar, e muito menos convocar uma assembleia para mostrar tudo isso, porque não sou obrigada e, ainda por cima, tenho certeza que a grande maioria não compareceria, pois só sabe cobrar”, indignou-se a síndica.

Os moradores contestaram a síndica, afirmando que sempre tentaram ter acesso aos balancetes, mas sem sucesso. “Ela se nega a nos mostrar os documentos, faz isso de birra”, retrucou uma moradora.

Não agradou
Nádia está no seu segundo mandato como síndica e alega que não se preocupa em agradar a todos, mesmo porque, na opinião dela, seria impossível. “Esta obra que estamos fazendo no condomínio, por exemplo, deu a maior polêmica, mas ninguém quis saber realmente se ela seria necessária. Tá aí pra quem quiser ver, a rua de acesso ao estacionamento dos fundos estava ameaçada pela erosão, inclusive uma parte do barranco caiu há poucos dias e eles viram. A obra era urgente, se deixasse ia ficar cada vez pior, mas eles não conseguem enxergar isso, só sabem criticar. Fizemos pesquisa de preços, contratamos uma empresa idônea, mas nada disso conta”, comentou.

Sobre a obra, os moradores afirmaram que tudo foi feito sem a aprovação de uma assembleia, simplesmente foi decidido pela síndica e pelo Conselho da diretoria, e os valores começaram a ser descontados em boleto. “Só ficamos sabendo quando começaram a vir as cobranças”, disse um morador.

A síndica se defende e diz que fez uma assembleia em março, onde foi apresentada a necessidade da obra. “Nesta assembleia nos comprometemos em fazer a cotação de preços e quando encontramos o melhor preço iniciamos a obra”, comentou.

Enquanto essas divergências prosseguem, os processos na justiça envolvendo o condomínio começam a pipocar. Os moradores contrários à administração da síndica, por exemplo, estão se mobilizando para ingressar com uma ação coletiva, mas ainda não sabem o teor da mesma. “Só vamos buscar nossos direitos”, disseram.

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