NIS sofre com a falta de médicos

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Sistema perdeu 19 profissionais, que foram em busca de salários melhores, em outros municípios

Enquanto a Secretaria Municipal de Saúde tenta elaborar um plano emergencial para solucionar as dificuldades na saúde do município, pacientes sofrem com a falta de atendimento nas unidades. No Pronto Atendimento NIS III, onde se concentra a maior parte dos procedimentos, as pessoas reclamam porque têm que ficar muitas horas na fila de espera.

A reportagem do Popular acompanhou os procedimentos na noite de terça-feira, 5 de junho, dia em que o quadro de médicos estava completo, e conversou com alguns pacientes.

Maycon Fabiano Borges, 25 anos, aguardava atendimento para o filho de sete meses, que estava com 38º de febre. Ele conta que chegou no NIS por volta das 16h30 e só conseguiu ser atendido às 19h30. Nesse meio tempo, passou por vários procedimentos até chegar no médico. “A recepção aqui do posto não é ruim, as pessoas são atenciosas, mas a falta de médicos prejudica o resultado final do atendimento”, reclama.

Ildo dos Santos também aguardava atendimento para o filho de 14 anos, que havia fraturado o joelho. “Nós chegamos aqui às 16 horas e depois de duas horas conseguimos ser atendidos, mas o raio-X só saiu às 19h30. Não reclamo dos atendentes, pois eles são simpáticos e fazem o que podem, mas a demora para chegar até a consulta propriamente dita é que acaba irritando as pessoas”, disse.
Sobre a questão, o secretário municipal de Saúde, Josué Kersten, explicou que o sistema de saúde do município perdeu 19 profissionais, que foram buscar emprego em outros municípios, onde os salários estão mais atrativos. “Em Curitiba, por exemplo, o salário de um médico está apenas R$ 200,00 abaixo do que pagamos em Araucária, onde o salário base é de R$ 3.090,00 (para uma carga horária de 4 horas), mas se contabilizarmos os gastos com combustível, fica elas por elas, e eles acabam optando por atuar na sua própria cidade”, compara Josué.

No gargalo
Mas os problemas não páram por aí, segundo argumenta o secretário, pois a falta de recursos financeiros para fazer a reposição do quadro é outro motivador da crise na saúde. Ele conta que os gastos mensais da secretaria com a folha de pessoal está em 54%, o limite estabelecido pela Constituição Federal. “Felizmente estamos conseguindo reverter este quadro, graças ao aumento da receita e a implantação do PCCV dos funcionários, que estabilizou os salários. Com isso, nossos gastos caíram para 52%, o que abriu uma folga para a contratação de novos médicos, pelo menos para reposição das 19 vagas que ficaram em aberto”, explica Josué.

O secretário disse ainda que dos novos profissionais já convocados, 5 vão atuar no NIS, três vão para o posto de saúde do Shangri-lá, três para o CAIC e três para o Tupy. Essa reposição não será suficiente, conforme prevê o secretário de saúde, pois para atender a demanda no atendimento – considerando que a população nesses últimos anos aumentou em cerca de 20 mil habitantes – seriam necessários, no mínimo, 14 novos médicos. Isso se a questão for resolvida de imediato, caso contrário, o total de 14 profissionais já será bem maior, considerando que a população cresce em ritmo acelerado.

“Essa contratação não será possível no momento, porque estamos no limite dos gastos, mas a secretaria está elaborando um plano emergencial para tentar resolver esta situação. É claro que as pessoas devem ter paciência, pois não será uma solução a curto prazo. Nem mesmo a contratação imediata dos 19 médicos vai resolver a questão, pois eles têm um prazo, por lei, de até 30 dias para assumir o novo cargo. Ainda não sabemos quantos vão começar a atuar já na segunda-feira, dia 11”.

Não bastassem todos estes entraves, Josué comentou ainda que além de se preocupar com a reposição do quadro de profissionais, a Prefeitura terá outro grande problema pela frente. “Precisamos aumentar o salário da classe médica e estabelecer uma diferença salarial maior com a capital, cerca de R$ 800,00, no mínimo, para evitar a evasão dos nossos médicos. Mas infelizmente ainda estamos de mãos atadas”, disse Josué.

Compartilhar
PUBLICIDADE