Mulheres lotaram o Centro de Convivência para participar das atividades do Outubro Rosa
Maria de Lourdes é uma guerreira
No mês que marca a luta contra o Câncer de Mama, batalha que ganhou repercussão mundial com a campanha Outubro Rosa, o Jornal O Popular participa dessa ação trazendo um relato emocionante de uma mulher que ainda está na luta contra o segundo tipo de neoplasia mais frequente no mundo e de outras mulheres que se cuidam ou não, fazendo os exames preventivos.
Quem vai nos contar sua trajetória é a Maria de Lourdes da Silva Chagas, 63 anos. A história dessa guerreira chama a atenção por dois motivos em especial. Primeiro porque ela sempre fez os exames preventivos e mesmo assim teve a doença. Segundo, porque mesmo com todos os diagnósticos desfavoráveis que recebeu dos médicos, de ter os dias contados para viver, ela deu a volta por cima. Hoje, leva uma vida que considera feliz, apesar da doença.
Maria começa nos relatando que descobriu a doença há cerca de dois anos e meio, quando fazia os exames de rotina. “Fiz a mamografia e apareceram três nódulos na mama direita, mas como me cuidava e não tinha antecedentes na família, não me preocupei. No entanto, após fazer exames mais minuciosos, foi constatado que os tumores tinham 4 cm cada e que eram malignos e haviam atingido a glândula linfática. Imediatamente fui encaminhada para a cirurgia para retirar a mama, mas felizmente o médico analisou de novo e decidiu não fazer a cirurgia e me encaminhou para 30 sessões de radioterapia e mais 40 sessões de quimioterapia. Fiz todo o tratamento e em pouco mais de um ano estava curada. Seis meses depois, comecei a sentir dores fortes no quadril e em vários ossos, na coluna cervical e outros pontos do corpo. Fiz novos exames e foi constatada metástase óssea. Não aceitei aquele diagnóstico e fui em quatro especialistas, mas todos me davam uma previsão de vida até abril deste ano, inclusive meu velório já começava a ser preparado. Fiquei firme e com muita fé em Deus, comecei a rejeitar a doença, encontrei forças e encorajei minha família. Em agosto deste ano, saí da cadeira de rodas, abandonei o andador, e comecei a me sentir bem melhor. Voltei a fazer novos exames e a doença havia piorado, mas eu estou me sentindo bem, e isso me faz ter vontade de viver”, contou.
Embora os diagnósticos não sejam favoráveis, Lourdes diz estar se sentindo bem a que vai surpreender a medicina vivendo muito tempo. Ela continua a fazer o tratamento, mas leva uma vida normal, com passeios, viagens e outras atividades.
Casada, com dois filhos e quatro netos, ela aconselha todas as mulheres a se cuidarem, a fazerem o diagnóstico precoce. “A gente deve acreditar que o câncer tem cura, por mais complicado que seja, e se você receber um diagnóstico desfavorável, não se desespere, entregue o teu problema a Deus. Com minha luta, quero ser referência para outras mulheres do Deus que eu sirvo, para que elas também tenham fé e acreditem na cura”, concluiu.
Maurenn Bernardo
Mulheres dizem estar preocupadas com a doença
O relato de Maria de Lourdes despertou muita preocupação entre as mulheres que participavam do encontro promovido pela Prefeitura na tarde de sexta-feira, dia 11, como parte da campanha Outubro Rosa, que contou ainda com várias atividades e ações preventivas voltadas ao público feminino.
Acompanhe as opiniões.
Adriana Zilamar, 42 anos, conta que mesmo não tendo casos de câncer de mama na família, faz os exames preventivos anualmente, mas que esse ano já está atrasada. “Eu ainda não fiz os exames este ano, mas depois de ouvir a história da Maria de Lourdes, fiquei emocionada e me preocupei. A gente sempre pensa que nunca vai acontecer conosco, só com os outros, mas ninguém está livre desta doença, por isso é melhor se cuidar”, falou. Adriana disse que ficou emocionada com o depoimento e com a força de vontade de Maria e que não sabe se teria toda esta coragem. “Ela é uma guerreira”, concluiu.
Helenice Santos de Lucca, 63 anos, afirma que a maioria das mulheres tem vergonha de fazer os exames preventivos, mas eles são muito importantes para a prevenção. “Eu sempre faço os exames e graças a Deus está tudo bem, inclusive os exames deste ano vou levar ao médico por esses dias, não apenas porque estamos na campanha, mas porque procuro me cuidar. Minha filha tem 30 anos e também já fez mamografia. Não gostaria de ver mais ninguém passando por tudo que a Lourdes tem passado. Não apenas ela, mas todas as mulheres que contam suas histórias de luta contra o câncer são guerreiras”, disse.
Terezinha Spena, 47 anos, ficou envergonhada ao confessar que não faz exames preventivos desde 2010. “Fiquei preocupada ao ouvir a história da Lourdes. A gente leva na brincadeira, mas tem que se cuidar pra valer. Vou correr atrás de fazer os exames o mais rápido possível, mesmo que não tenha casos de câncer de mama na família, porque se tiver algum problema, quanto antes descobrir é mais fácil o tratamento. Parece ironia, mas sempre incentivo minhas amigas a fazer os exames preventivos, agora eu que preciso me espertar e cuidar da minha saúde”, comentou.
PMA faz eventos no Outubro Rosa
Várias atividades estão acontecendo em Araucária para chamar a atenção das mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, além de orientações sobre autocuidado e prevenção do câncer de colo de útero. As ações são promovidas pela Prefeitura de Araucária.
Nas unidades básicas de saúde de Araucária são realizados exames clínicos das mamas, independente de quando tenha sido solicitada a última mamografia e incentivada a realização do Papanicolau, exame preventivo do câncer de colo de útero. Nos casos em que houver alguma alteração identificada, as mulheres são encaminhadas para consulta com ginecologista ou para que outros exames complementares sejam realizados.
Os profissionais da rede pública participam de treinamentos voltados para a temática durante o mês de outubro e abordam questões como qualidade de vida e planejamento familiar nas idas das pacientes às unidades de saúde.
Trabalhos educativos sobre a saúde da mulher também serão realizados em escolas, centros de educação infantil, empresas, comércio em geral e em grupos de saúde.