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O drama de quem quer se livrar do vício

A.C.B. optou por sair de casa para não colocar toda a família em perigo por conta das drogas

Superar o vício não é fácil e requer, além de ajuda profissional, muita força de vontade por parte da pessoa, e apoio da família. Há pacientes que ficam internados por muitos meses. Alguns se libertam do vício e conseguem começar uma nova vida, mas outros acabam recaindo.

J.K.S., 37 anos, casado, com 5 filhos e 3 enteados, chegou na clínica de recuperação há pouco mais de dois meses e conta que decidiu procurar ajuda para deixar o vício por conta própria. “Sou empresário em Curitiba, comecei a consumir drogas e logo virei traficante. Precisei perder tudo que tinha e perceber que estava no fundo do poço para pedir ajuda”, comenta.

J. relata que quando usou drogas pela primeira vez tinha 15 anos. “Usei por influência dos amigos da escola. Eu morava em São Paulo e até já fui preso. Fui parar numa instituição de recuperação e caí de novo. Fui mais fundo ainda, cheguei a experimentar o Oxi, e quando cheguei estava com pneumonia aguda, mas me curei. Hoje estou tendo um encontro com Deus, fazendo novos amigos, e quero sair daqui e recuperar todo tempo que perdi”, disse.

Situação semelhante é vivida por M.P.L, 42 anos, casado, com uma filha de 24 anos. “Fui até onde não pude mais aguentar. Minha vida se resumia ao crack, até que decidi dar a volta por cima e procurei a clínica”, conta.

M. trabalha numa grande empresa de Curitiba e conta que como sempre teve acesso fácil ao dinheiro começou a comprar drogas aconselhado por amigos. “Eu tinha dinheiro, muitas vezes pegava da minha mãe, e não sabia onde gastar, até que conheci a droga. Teve uma vez que fiz um acerto em outra empresa em que trabalhava durante 15 anos e torrei tudo o que ganhei em apenas três meses. Até carro eu tinha e perdi para as drogas”, relata.

Ele conta que tinha vontade de sair do mundo das drogas, mas não conseguia, até que um dos seus chefes pediu se ele queria ajuda e o aconselhou a vir para a clínica. “Faltava só um empurrãozinho, mas agora quero sair dessa. Minha mãe, esposa e filha estão me dando muito apoio”.

A história de A.C.B. ganha contornos mais tristes, pois antes de chegar na clínica, ele morava nas ruas de Curitiba. A família mora em Araucária, mas ele conta que saiu de casa para não envolvê-la no vício. “Não queria complicar a vida deles da mesma forma que tinha complicado a minha. Por isso fui pra Curitiba e de lá viajava pra vários outros estados, tentando fugir do crack, mas a droga estava por todos os lados; quanto mais eu fugia, mas ela tentava me pegar”, relata.

Ele conta ainda que vivia com uma moça também viciada em crack. Eles têm um filho de 7 anos, que A. pretende criar quando sair da clínica.

A. experimentou o crack quando era apenas um garoto de 12 anos, por influência de um tio. “Minha família toda é viciada em álcool, alguns usam drogas e pra mim isso era normal. Agora vejo que cheguei ao meu limite, já fui preso, fugi da morte várias vezes, e não quero cair de novo”.

F.S.S., 43 anos, é de Paranaguá e está na reta final do tratamento. Há 7 meses na clínica (o tratamento é de 9 meses), ele conta que decidiu pedir ajuda para se livrar do vício e hoje afirma estar curado. “Não foi fácil, por muitas vezes pensei em sair, mas tenho um trabalho esperando por mim e pretendo retomar minha vida, livre do crack”, conta.

F. usou drogas durante 25 anos. Começou na maconha e em pouco tempo já estava no crack.  

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