Araucária PR, , 26°C

Oficina de Arte e Literatura estimula crianças e jovens
Zurita (de pé, com camiseta branca) conhece sua primeira turma

Sempre pensamos em formas de deixar nosso planeta melhor para nossas crianças, mas muitas vezes o que esquecemos de refletir é em como deixá-las mais preparadas e conscientes para o futuro de nosso planeta. Construir esse mundo novo está na forma como os pequenos são educados, afinal, são eles que serão os próximos políticos, médicos, advogados, professores, comunicadores… enfim, são eles que vão assumir a bronca de guiar nossas cidades, estados e países. Conscientes da importância desse trabalho, e da necessidade da democratização do acesso a cultura, o Comite Gestor ODN – Nós Podemos Araucária criou um Projeto Piloto de arte e literatura na comunidade do Jardim Arvoredo II, que tem a intenção de abrir os horizontes e integrar a garotada.

Trata-se de um grupo formado por profissionais liberais de várias modalidades, que resolveram se unir para cuidar do que é o futuro de nosso mundo: as crianças. Somente ali, são 100 delas com idade entre 03 e 12 anos. O Projeto de Arte e Literatura, ministrado por Zurita Gapski Vieira, atenderá, inicialmente, 30 crianças em situação de vulnerabilidade social uma vez por semana. “Queremos dar oportunidade às crianças de sonhar com uma vida melhor, dentro de um olhar de realidade que elas presenciam na rotina diária em sua comunidade, de moradia precária. O mínimo que fazemos para eles serve como farol em seu caminho pela jornada da vida”, conta Laureni Vicente, Presidente da Associação.

Ação
Cansada da sensação de não fazer a sua parte integralmente, Zurita, artista oficineira, decidiu se integrar ao grupo e oferecer seus conhecimentos artísticos. “Sou professora de arte e literatura aposentada há um ano e pouco; já vinha pesquisando e fazendo vários projetos, além da sala de aula sempre estive em outros projetos da arte. Quando me aposentei foi como se tivesse sido libertada, é como renascer; vi uma chance de eu poder andar pelas minhas próprias pernas, sem ter que prestar conta aquele me emprega”, contou satisfeita pela nova jornada.

“Estava em busca de espaço para poder fazer algo que goste, que me sinta bem. Comecei procurar espaço e ali no Arvoredo tem dado certo, houve uma união de ideais”, explicou sobre como chegou ao local. A professora procurava se sentir útil e importante para a sociedade como um todo, queria contribuir com seu conhecimento para o próximo. “Tenho vários projetos, várias pesquisas que não são para mim, são para oferecer aos outros. Se eu não colocar em algum lugar me sufoca, me sinto agoniada, angustiada, mexe com vida, psicológico e físico. Meus anos de emprego foram de muita agonia, porque eu queria fazer algo assim”, desabafa.

Nessa segunda-feira, 05, aconteceu o primeiro encontro entre a professora e garotada. “Estou aprendendo, quero trabalhar com eles muitas histórias, porque a história te leva ao imaginário; a interpretação, através dela você pode passar muitos valores; quero dar muito desenho livre, assim eles se expressam, desenvolvem muitas coisas. E penso em trabalhar dramatização para eles se socializarem”, divaga sobre sua metodologia.

Conforme contou, ela que eles tomem consciência de sua importância e pertencimento como indivíduos em uma sociedade. “Tenho que conhecer eles melhor, fazer estrela dourada, explicar que todos temos nosso lugar, fazer eles quererem isso, saberem que são importantes: o que fizerem de bem vão conseguir de bem. Eles também são talentosos, inteligentes e ativos, o que difere é a oportunidade. Eles já vêm com estigma de estar em um lugar em que nada dá certo, estão excluídos e isolados”, conta sobre o que observou e o que pretende mudar.

Quanto à satisfação de estar ali e oferecer seu trabalho, Zurita é só sorrisos: “esse pessoal que faz esses movimentos tem uma integração mais intensa, mais profunda. Pelo pouco tempo que estou alí vejo o grande amor deles com as crianças. Vi como eu tava ceguinha, tapadinha. No alto de nossa classe média, a gente acha que vai ali oferecer, mas acabamos recebendo. Trabalhei 34 anos e nunca fui tão bem recebida”, conclui.

Apadrinhando
A execução das atividades depende das condições voluntárias e de recursos econômicos vindos de pessoas físicas e jurídicas. Por isso foi criado o Projeto Apadrinhando onde todos podem contribuir de alguma forma, desde recursos materiais, a solidariedade, amor e carinho.
Para quem deseja participar de alguma forma do Projeto, pode entrar em contato com o coordenador do comitê gestor, Pedro Basso, pelos telefones. 9823-2138 ou 3552-2250.

O lugar
A Associação Arvoredo II foi instituída em 3 de dezembro de 2006. Composta de 324 famílias, é uma sociedade civil de iniciativa privada, sem fins lucrativos. Um espaço de união dos moradores em busca de melhor qualidade de vida. Atividades: oficinas, distribuição de sopa, confecção e venda de estopa, repasse de materiais doados, alfabetização de adultos, entre outras.

Leia outras notícias