O Conselho Municipal de Saúde de Araucária (Comusar), realizou na terça-feira, dia 15, uma assembleia extraordinária para apresentar o trabalho de uma comissão do órgão que vistoriou as condições das dependências do complexo NIS (Núcleo Integrado de Saúde), que reúne num mesmo espaço unidades como o Pronto Atendimento 24 horas, o Centro de Especialidades Médicas, o Laboratório de Análises Clínica, o SOA, a Clínica da Mulher e do Idoso, a Farmácia Central, a Clínica de Feridas, o Serviço de Verificação de Óbitos, entre outros.
Problemas diversos
O relatório apresentado por duas conselheiras do Comusar mostrou várias fotos do estado em que eles encontraram o NIS, sendo que, resumindo em duas palavras, a comissão definiu o local como “caótico” e “lastimável”. Entre as várias irregularidades constatadas estavam mau cheiro excessivo em algumas salas; instalações inadequadas, com tomadas e interruptores à mostra; fiação exposta; salas de espera sem ventilação; banheiros entupidos; bebedouros estragados; janelas sem vidros; bichos como ratos e baratas em alguns locais; sala de esterilização higienicamente questionável; usuários sujeitos a um ambiente insalubre na sala de espera do laboratório de análises clínicas; agulhas usadas acondicionadas em sacos plásticos, o que é proibido; cadeiras para os pacientes em péssimo estado de conservação; infiltrações; hidrantes sem vidros e mangueiras; falta de extintores, terceirizadas da limpeza sem EPI (Equipamento de Proteção Individual) adequado, torneiras quebradas; e mesas de necropsia de madeira, quando o correto seria que elas fossem de inox.
Saúde abandonada
Ainda durante a apresentação, as conselheiras fizeram ponderações acerca da situação, entre elas a de que a saúde de Araucária como um todo está precária, que os araucarienses estão abandonados, que a Vigilância Sanitária do Município é ineficiente, pois não estaria fiscalizando o complexo, e que a coordenação do NIS é ruim. Também questionaram a capacidade do secretário de Saúde, Haroldo Ferreira (PDT), alegando que falta um bom administrador para a área de saúde municipal. Além disso, ainda destilaram um pouco de veneno ao se referirem à diretora da Vigilância Sanitária de Araucária, que compararam à boneca Barbie. Também foi insinuado que o presidente do Conselho Municipal de Saúde, estaria a serviço da Prefeitura.
Depois da apresentação, alguns outros conselheiros fizeram uso da palavra e corroboraram com o relatório de problemas encontrados no NIS e relataram já terem presenciado a situação de abandono pelo qual passa o complexo.
Defesa
Por fim, coube ao diretor geral da Secretaria de Saúde, Adalberto Grein (PDT), falar em nome da administração. Grein fez uma defesa apaixonada da Prefeitura. Ele, que é advogado, mais parecia estar num tribunal do júri. Alterando a entonação de voz, ora na tentativa de demonstrar autoridade, ora falando como um padre que dá um sermão aos fiéis, ele questionou o relatório apresentado pela comissão. Disse que as fotos foram apresentadas e legendadas de modo a ampliar a gravidade do caso. Disse que o NIS tem problemas, mas que a situação está longe de ser caótica. Ainda defendeu a diretora do Departamento de Vigilância Sanitária, alegando que não era correto chamá-la de Barbie. O mesmo fez com o presidente do Comusar, dizendo não admitir que o chamassem de pelego da Prefeitura. A defesa mais umbilical feita por Grein foi a do secretário de Saúde, seu chefe. “Haroldo Ferreira está transformando a saúde de Araucária. É um gestor 100% presente, que chega cedo e sai tarde da Secretaria de Saúde”, garantiu. Acrescentou ainda que a saúde de cidade vai bem, pois – do contrário – a população estaria fazendo protestos por aí.
As críticas mais pesadas de Grein foram com relação à isenção do Conselho de Saúde. Disse ele que bom seria que o Comusar tivesse sido sempre tão criterioso. “Alguns conselheiros eram cargos em comissão na gestão passada”, apontou, sem dizer quem seriam as tais pessoas. Insinuou que os conselheiros não teriam capacidade técnica para ter feito alguns dos questionamentos. Especificamente sobre o caso da mesa de madeira utilizada para necropsia, ele disse que o questionamento não era aceitável, vez que a mesa seria para atender mortos mesmo, o que despertou a revolta de uma das autoras do relatório.
Providências
Ao final da reunião, de concreto mesmo, ficou acertado que será solicitado à Vigilância que faça uma inspeção no NIS e que as adequações que são necessárias no local serão encaminhadas ao setor responsável. Além disso, um conselheiro propôs que a apresentação do estado do NIS seja feita ao prefeito Albanor José Ferreira Gomes (PSDB). Proposição que será discutida na próxima assembleia do Comusar, que acontece na terça-feira, dia 28. A reunião é aberta e qualquer interessado pode participar.
W.B