Presos dizem que foram agredidos
Possíveis marcas das agressões foram registradas por fotos e vídeos da imprensa e polícia

Na terça-feira, 20 de agosto, equipes da Polícia Militar e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) realizaram uma operação contra o tráfico de drogas em Araucária. As equipes cumpriram 12 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, sendo que dois foram expedidos em nome de pessoas já detidas. A ação foi deflagrada a partir de crimes relacionados ao tráfico de drogas, com a participação de presos e baseadas em investigações iniciadas em março deste ano.

Juntamente com a operação, na manhã de terça-feira, também foi realizada uma inspeção na carceragem de Araucária, feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, em conjunto com o BOPE na busca de drogas dentro da carceragem. Porém, de acordo com os detentos, a inspeção foi além de um procedimento de vistoria tradicional e resultou em 11 presos feridos que alegam terem sofrido agressões enquanto as revistas eram realizadas nas celas. Ainda conforme os presos, outros teriam apanhado quando faziam fila para vistoria. Thiago Dias da Paixão, 29 anos, afirmou que fez cirurgia dias antes e que um dos policiais acertou uma pancada na cicatriz, acarretando na abertura do corte.

Acusações
Conforme afirmou o Delegado de Araucária, Amadeu Trevisan, todos os presos que afirmam terem sido agredidos já foram encaminhados ao IML para exame de corpo delito e seis deles já foram ouvidos em depoimento oficial: “No inquérito está registrados, que os policiais jogaram sabão em pó no chão e que os presos que caiam eram erguidos a cassetetes e chutes”, afirma o delegado com base nos depoimentos. Amadeu se diz completamente contra a agressão e a tortura: “Esses presos, ali dentro, já vivem com o mínimo. Em um lugar para 16 detentos existem quase 100 homens e ainda, supostamente, são submetidos a esses maus-tratos. Eu não entendi porque foi necessário que o Gaeco realizasse essa vistoria, aqui sempre foi a Guarda Municipal que as fez”, questiona. Ainda conforme Amadeu, os presos estão quietos, mas há o burburinho da possibilidade de uma rebelião em retaliação ao caso. Na vistoria nenhuma droga foi localizada dentro das carceragens.

Versão do GAECO
Em relação à notícia de suposta agressão à presos durante a inspeção na carceragem, o GAECO esclareceu em nota oficial que a ação foi feita em cumprimento a mandado judicial e realizada dentro dos parâmetros legais, com o devido respeito às pessoas dos presos, sendo acompanhada por representantes de diversas instituições diferentes: do MP-PR, do BOPE e da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania. Acompanharam também a inspeção o delegado de polícia Adilson Ricardo da Silva e o promotor de Justiça José Carlos Faria de Castro Vellozo, que atuam no Gaeco.

Os presos que alegam terem sido agredidos estão sendo ouvidos pela Polícia Civil e a Promotoria de Justiça de Araucária acompanha a apuração.