Questões hamletianas!

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Desde que li o edital da licitação que a Prefeitura está fazendo para contratar uma empresa para fornecer atendentes infantis para trabalharem nos centros municipais de educação infantil de Araucária, citações de Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare, não me saem da cabeça.

A primeira dessas frases me ocorreu logo que comecei a ler o edital, ali no objeto que se pretende contratar: “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Sim, porque contratar funcionários públicos que exercem atividade-fim, ou seja, que fazem aqueles serviços que caracterizam a missão constitucional da administração pública, por meio de licitação e não concurso público, é algo que afronta o coração do Estado. Logo, assim como pensou o príncipe Hamlet, eu também penso que existe algo de podre nesta licitação.

Afinal, no início deste ano, a Prefeitura havia feito um concurso público para contratação de atendentes, sendo que mesmo havendo vagas disponíveis no quadro funcional do Município, eles preferiram estipular no edital do concurso que, só seria contratada uma atendente. Ora, é lógico que isso afugentou possíveis candidatos. Principalmente, aqueles que residem fora do Município, que não arriscariam seu rico dinheirinho pagando a inscrição de uma prova que possivelmente chamaria apenas o primeiro colocado.

Outra máxima que me veio à cabeça ao reparar nos valores da licitação, quase R$ 1,5 milhão para um contrato de seis meses, também tem sua origem em Hamlet: “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia". Substituindo Horácio por Waldiclei, temos: “há mais coisas entre o céu e a terra, Waldiclei, do que sonha a nossa vã filosofia".

E cito isto porque, se no início do ano, a previsão era contratar apenas uma atendente infantil e dois meses depois, pasmem, pretende-se pagar para uma empresa terceirizada fornecer 144 funcionárias para trabalhar nos Cmeis é sinal de que existe algo errado aí. Não é possível que a necessidade de atendentes tenha saltado de uma para quase 150 em dois meses. É lógico que já quando o concurso público fora lançado à carência de educadores nas creches era bem superior ao número de vagas ofertadas. Agora, o que nossa vã filosofia de trabalhadores honestos tem dificuldade de entender é quais as razões que levaram o Poder Público a não oferecer as vagas necessárias naquela oportunidade e, algum tempinho depois, querer entregar para uma empresa possivelmente privada, tal tarefa?

Esses “erros” cometidos pela Prefeitura fazem com levantemos sérias dúvidas quanto aos reais motivos que levaram à abertura desta licitação, mas não apontemos o dedo a ninguém, pelo menos por enquanto. Afinal, Hamlet já dizia "Se fôsseis tratar todas as pessoas de acordo com o merecimento de cada uma, quem escaparia da chibata? Tratai deles de acordo com vossa honra e dignidade. Quanto menor o seu merecimento, maior valor terá nossa generosidade." Logo, sejamos generosos, mas não cegos amigos leitores!
E você, o que pensa sobre o assunto? Dê sua opinião no blog waldicleibarboza.com.br! Até semana que vem!

 

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