Os quatro suspeitos de ter matado a adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos, encontrada morta em Colombo no dia 28 de junho, afirmaram para integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que foram torturados nas delegacias do Alto Maracanã, em Colombo, e em Araucária. De acordo com Isabel Klüger Mendes, integrante da Comissão, os suspeitos, que foram separados em duplas, confirmaram ter sofrido agressões nas duas cidades, mas isentaram os policiais do Centro de operações Especiais (Cope) e funcionários do Centro de Triagem (CT2) de Piraquara. Conforme afirmou Isabel, os suspeitos disseram que em Colombo foram agredidos por policiais e, em Araucária, por um preso de confiança chamado Patrick. O nível da tortura na carceragem da DP da cidade teria sido tão violento que um dos acusados, Adriano Batista, 23 anos, chegou a ter um objeto perfurante introduzido no ânus, além de ter passado por outros tipos de violência. Adriano ficou tão machucado que teve que ser transferido para o Complexo Médico Penal (CMP), em Piraquara.
Transferência
Sobre as denúncias ocorridas na Delegacia de Araucária, o delegado Amadeu Trevisan informou que, por precaução, tão logo o corpo de Tayná foi encontrado próximo ao Parque de Diversões onde os acusados trabalhavam, os presos foram separados em dois grupos: uma dupla foi encaminhada à Delegacia de Araucária e a outra para unidade de Campo Largo.
O delegado explicou ainda que no dia 28 de junho, perto das 18h40, dois dos suspeitos deram entrada na Delegacia de Araucária. “Eles foram trazidos por policiais de Pinhais e já na manhã de 1º de julho foram levados por policiais de Colombo para o IML. Sei que, depois disso, no dia 4 de julho, eles deram entrada na Casa de Custódia de Curitiba, que fica em Araucária”, acrescentou. Amadeu disse que só ficou sabendo das acusações de tortura feitas pelos presos no dia 10 de julho, através da imprensa: “Até aí estava tudo dentro da normalidade. Assim que fiquei sabendo das acusações, mandei instaurar um inquérito e encaminhei ofício para o juiz local, para o promotor e para a OAB para investigação do caso”, garantiu.
Ainda de acordo com Amadeu, ele, juntamente com um advogado da comissão de direitos humanos, ouviram, um a um, todos os presos de Araucária que tiveram convívio direto com a dupla suspeita de ter matado Tayná. Porém, o delegado afirmou que as informações colhidas nesses depoimentos, por enquanto, permanecem em sigilo: “Até o momento, aqui em Araucária, não há registros dessas torturas. Vamos encaminhar o caso para corregedoria da Polícia Civil e a investigação continua tramitando”. O delegado ainda completou: “É importante destacar que a carceragem da Delegacia é de responsabilidade do Departamento Penitenciário e não propriamente da Delegacia”.
Crime
Tayná desapareceu em Colombo na terça-feira, 25 de junho, e dois dias depois os quatro funcionários do parque de diversão foram detidos. O corpo da menina foi encontrado na sexta-feira, 28 de junho, em um poço próximo ao parque. O cadáver estava completamente vestido e com um cadarço amarrado no pescoço. Antes de Tayná ser encontrada, de acordo com a imprensa que cobriu o caso, os detidos confessaram ter matado e estuprado a adolescente. No entanto, a criminalística não indicou violência sexual; ainda há a informação de que o esperma encontrado nas roupas da vítima não é compatível com nenhum dos presos. Posteriomente, os acusados disseram que só admitiram o crime porque foram torturados.