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A poeira branca que caiu sobre Araucária na última semana e assustou moradores de diversos bairros, continua sendo um mistério. Muitas pessoas acordaram com os carros e calçadas cobertos pelo pó branco. E não foi só a fuligem que assustou a população, teve reclamações de odor forte no ar, semelhante a plástico queimado, como relataram algumas pessoas e ainda a ocorrência de ruídos muito altos, principalmente no sábado (19 de fevereiro) e no domingo (20).

Ainda no domingo, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) emitiu uma nota explicando ter recolhido amostras das partículas e encaminhado para análise no Instituto Água e Terra (IAT), bem como, disse ter acionado as estações de monitoramento do ar e que aguarda relatórios das análises para explicar à população o que teria ocorrido. Nesta quarta-feira, 23, a reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com a secretaria novamente, que explicou não ter recebido ainda o resultado da análise do IAT. A SMMA também adiantou que esse processo costuma demorar, em média, de 10 a 30 dias, e diante disso, alegou não ser possível determinar, nesse momento, qual a fonte de emissão das partículas.

Nossa reportagem também procurou a Petrobras, para ouvir seu posicionamento sobre o ocorrido. A empresa informou que no último fim de semana, algumas unidades da Refinaria Getúlio Vargas (Repar) voltaram a operar após um período em parada e garantiu que o processo seguiu todos os procedimentos de segurança e os órgãos competentes foram comunicados. Esclareceu ainda que, com o processo de partida das plantas, houve um aumento pontual na chama da tocha (flare) da refinaria, equipamento de segurança para queima e descarga de gases.

Com relação a relatos sobre a ocorrência de material particulado (pó) no município de Araucária, a Petrobras disse não que há informações até o momento de que seja oriundo da Repar.

Risco

O Sindipetro, sindicato que representa os trabalhadores da refinaria, comentou que foi informado no sábado (19), pelo setor de recursos humanos da Repar, sobre problemas em equipamentos turbo geradores. Porém, lamentou que a instituição não foi convidada pela gestão da refinaria para fazer parte da comissão de investigação do acidente.

A entidade complementou que essa nova ocorrência, que se soma a tantas outras que acontecem com certa frequência na Repar e também em outras refinarias do Sistema Petrobras, é consequência de uma política de gestão que corta recursos de manutenção industrial e diminui cada vez mais o número de postos de trabalho, colocando as instalações, os trabalhadores e a comunidade no entorno da refinaria em situação de risco.

Em relação aos impactos do acidente na comunidade de Araucária, como a emissão de catalisador do processo de produção e de ruídos altos, o sindicato argumentou que cabe aos órgãos governamentais competentes, como o Instituto Água e Terra (antigo IAP), a atuação junto à gestão da Repar.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1300 – 24/02/2022

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