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Araucarienses contam como “deram a volta por cima” após serem vítimas de racismo
Araucarienses contam como “deram a volta por cima” após serem vítimas de racismo

Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra marca a história do Brasil como símbolo de resistência da cultura afrodescendente no país. Decretada oficialmente pela Lei nº 12.519, em novembro de 2011, a data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares. A data é importante por unir vários segmentos sociais, para reivindicar maior espaço no âmbito das discussões e decisões políticas.

Também é a oportunidade de reflexão sobre respeito às diferenças, sobre dignidade e também sobre a consciência de que a prática criminosa do racismo precisa ser combatida. Acompanhe a seguir, depoimentos de araucarienses negros, que aprenderam a lidar com o preconceito, e como vítimas de episódios de racismo, deram a volta por cima.

Sidney Azarias Inácio, advogado e professor

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Vítima de situação de racismo em 2018, quando em um restaurante de Araucária, foi confundido por uma mulher, que disse tê-lo reconhecido (mesmo estando de costas) como um sujeito que havia lhe aplicado um golpe. Sidney sofreu abordagem truculenta por parte de guardas municipais, na frente de todos os clientes.

“O que aconteceu comigo e acontece com muitos negros no Brasil não altera a nossa vida. Só confirma o tratamento que a sociedade reserva aos negros. Veja o caso recente ocorrido em Almirante Tamandaré onde, num trabalho escolar, para retratar o cabelo de uma negra, usaram palha de aço. O cabelo negro ser comparado a palha de aço é algo que ofende os negros desde que, acredito, a palha de aço foi inventada. Eu sofri com isto nos anos 70 e pelo visto, outros ainda sofrerão. Bem, esta situação é só um exemplo das ofensas que sofremos. Mas por que as sofremos? Há entre nós uma herança do período escravocrata que persiste porque ainda encontra terreno fértil em nosso mundo. O sentimento de superioridade que brancos sentem em relação aos negros impede que eles sejam vistos como seres dotados de qualidades positivas e também de sentimentos.

Os brancos se sentem no direito de decidir o que é bom ou não, o que ofende e o que não ofende um negro. Para os brancos, negros ainda não são humanos. A situação em relação à palha de aço é só um exemplo claro disto. Com certeza, a escola nem imaginou que aquilo poderia ferir uma criança negra. Afinal, para atingir, a criança deveria, antes, existir. Como ela não existe, ela não tem sentimentos. As feridas que a criança levará consigo para o resto da vida só ela e os seus sabem o quanto dói e doerá. Voltando à questão sobre o que mudou em minha vida depois de ser vítima de uma atitude racista, digo que nada mudou. Os negros ainda existirão e terão suas dores reconhecidas e respeitadas”.

Isabelle Santana Menezes, 20 anos, estudante

Vítima de racismo por parte de colegas do colégio, devido ao seu cabelo crespo.

“Desde que eu parei de alisar meu cabelo, eu já esperava que as pessoas fariam comentários a respeito, então, infelizmente, não foi uma surpresa quando de fato isso aconteceu. Eu estava no colégio e ao passar por um grupo de meninas, ouvi elas rindo e usando palavras pejorativas a respeito do meu cabelo. Os infelizes clássicos como ‘cabelo de Bombril’, além de outras situações em que o meu tom de pele foi descrito, em tom de brincadeira, como ‘sujinho’ por eu ser uma pessoa preta de mais pele clara e outros comentários que não me eram dirigidos diretamente, mas atacavam a luta negra. No fim, o que eu sinto todas as vezes é revolta de que isso ainda aconteça e uma tristeza muito grande a cada coisa que escuto, pois torna o processo de criar uma auto confiança como pessoa negra muito mais difícil”.

Ingrid Richelle, 19 anos, menor aprendiz no setor de Logística

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Vítima de racismo e perseguições por conta do seu cabelo crespo.

“A pior parte com relação a bullying e preconceito foi no período do ensino médio, esses tipos de perseguições eram frequentes principalmente relacionadas ao meu cabelo, constantemente ouvia piadinhas nojentas e racistas sobre ele, viviam ‘tacando’ bolinha de papel e coisas do tipo. Esse tipo de comportamento que eu precisava lidar todos os dias, além de dificultar a minha vontade de frequentar o ensino regular, tinha impacto direto na forma que eu me via, na minha autoestima e até mesmo no fato de eu me identificar como uma mulher negra de cabelo cacheado. Hoje entendo tudo o que aconteceu, sobre o quanto essas pessoas eram nojentas e que essas brincadeiras nunca tiveram graça, mas é decepcionante saber que o preconceito ainda acontece todos os dias e ninguém faz nada a respeito”.

Jester Furtado, professor de Arte, diretor teatral, dramaturgo, fundador do Fórum de Combate ao Racismo em Araucária

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Ativista contra o racismo.

“A questão racial no Brasil sempre foi uma realidade muito sensível, sustentada na falsa democracia racial, imputa ao próprio povo negro a culpa pelas mazelas sociais e pela não ascensão socioeconômica. Ainda assim, em cenário tão desfavorável, a luta negra tem conquistado importantes avanços. O mais recente e quem sabe, a mais importante conquista desse século tenha sido a vitória sobre o fascismo, quiçá, o neonazismo que pretendia ramificar-se e se naturalizar em nosso país. Logo, há necessidade de vigília constante para que o Brasil não retroaja a momentos em que o Estado Brasileiro não só era omisso com as diversas violências contra a população negra, como também legalizava essas práticas. Afinal, se a luta já é árdua contra o racismo estrutural e institucional, imagina tendo todo esse panorama respaldado por autoridades políticas e por leis injustas.

Uma vez contido o retrocesso, podemos seguir na busca por igualdade de fato, vencendo a intolerância racial e contribuindo para a inserção do homem e da mulher negra em todos os ambientes possíveis e imagináveis, especialmente naqueles que conferem dignidade, acesso ao capital, status sociais, fruição cultural, desenvolvimento intelectual e cientifico e possibilidade de decisão e comando. 

Nesse contexto, a Escola tem função primordial na construção de uma sociedade justa e plural. Aos educadores só cabe a função de serem antirracistas, soldados da dura tarefa de desconstruir o racismo histórico e estrutural do nosso país. Dessa forma, cumprir a lei 10.639/03, que inclui o ensino da História e da cultura afro-brasileira e africana no currículo escolar, não é uma opção e sim uma obrigação, que para além da lei, vem ao encontro dos anseios humanitários de quem atua na Educação.

Há entre as diversas frentes de luta da população negra, algumas ainda mais difíceis, como por exemplo na área cultural. Como brigar por políticas culturais voltadas aos artistas negros e negras, diante da inexistência de política cultural de forma ampla? Ainda assim, por óbvio, se ser artista não é fácil para ninguém, é menos ainda para artistas de fenótipos negroides, que a cada instante tem sua capacidade questionada e seus feitos invisibilizados.

Por fim, a luta pela Consciência Negra segue, colhendo hoje os frutos de batalhas ancestrais, lutas daqueles que vieram antes e não fugiram da responsabilidade. Portanto as poucas conquistas obtidas não são benesses e nem favores, mas fazem parte do mérito de um povo que nunca se acovardou e soube resistir, mesmo diante de tantas tentativas de extermínio e exclusão”.

Jorge Galarce, professor e vice-presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR).

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“As questões mais importantes e urgentes para os negros é sair da invisibilidade social, buscar a aceitação social e estar presente em todas as esferas da sociedade, em número proporcional à população de negros e pardos do país. A imagem negra precisa estar presente no cotidiano da indústria cultural deste país, e no cotidiano das pessoas. Não queremos ser lembrados apenas em novembro.  Na questão da empregabilidade, o mundo do trabalho é muito cruel com a população negra. Quando olhamos para os índices oficiais de desemprego, verificamos que a população mais atingida é a população negra. O país que foi construído através da base econômica da agricultura por braços negros, não nos recompensou financeiramente – muitas cidades carregam em suas bandeiras fortes alusões à agricultura – na televisão ouvimos a todo instante que o agro está em tudo e por aí vai. Mas quando lembramos do processo de libertação dos negros neste país, vemos um Estado que não preparou um conjunto de medidas para que a população negra tivesse moradia, escolaridade e emprego. Fomos jogados à própria sorte. Esta é a famosa ‘dívida histórica’ que o país tem com a população negra. É papel do Estado criar políticas públicas que tornem iguais os desiguais, daí a importância das ações afirmativas e das cotas para pretos e pardos.

Enquanto houver RHs com recomendações para a não seleção de pretos e pardos, haverá necessidade da intervenção do Estado, no sentido de redução das desigualdades. A presença negra deve acontecer em todos os espaços. É importante que a população veja negros e negras atuando em todas as esferas da sociedade – no judiciário, na política, na indústria, no comércio, na agricultura e nas tecnologias digitais.

Neste ano, o movimento negro paranaense conseguiu um pequeno avanço ao eleger a primeira deputada federal negra e o primeiro deputado federal negro, comprometidos com as causas da comunidade negra, todavia há muito a avançar. Como professor, minha missão é sempre a do resgate da história e da cultura negra na escola, ensinando aos nossos alunos que é dever de todos combater o racismo e agir na construção de uma sociedade antirracista. E para os alunos e alunas negras, procuro sempre destacar a importância da formação geral e da formação histórica sobre a cultura africana, pois é só através do conhecimento que vem o pertencimento, e a isto chamamos de letramento racial.

O racismo tira vidas, o racismo machuca, o racismo deixa marcas profundas no corpo e na alma da população negra e a todo momento precisamos estar atentos e alertas para combatê-lo, pois toda bala perdida, na maioria das vezes, sempre parte do Estado em direção a um corpo negro, não importando se este corpo é de esquerda, de centro ou de direita. Ser um professor negro de escola pública é algo maravilhoso, e é uma grande oportunidade de oferecer aos alunos e alunas a possibilidade de conhecer a África que existe em nós, de poder falar sobre a importância dos aspectos históricos, sociológicos, filosóficos e culturais da cultura africana, a partir da narrativa de uma pessoa negra.

Infelizmente, a indústria cultural mostra o tempo inteiro o negro a partir da perspectiva eurocêntrica e nós negros não somos assim. Ser negro na perspectiva africana é unir a música, a dança, a espiritualidade, o bem-estar e a proteção da comunidade, o respeito à natureza, à sabedoria dos mais velhos, à simbologia das cores, tudo isso de forma integrada – é a Filosofia Ubuntu – a filosofia africana – na qual ninguém larga ninguém. Fico contente em poder devolver aos estudantes tudo aquilo que a escola pública e as políticas públicas me proporcionaram. Isso não significa dizer que no cotidiano não tenha tido contato com pessoas que tentaram me desprezar ou inferiorizar pela minha cor. Inclusive fiz provas e candidaturas em escolas privadas famosas e mesmo sendo o primeiro colocado não fui chamado. É comum seguranças de supermercados e shoppings me seguirem quando estou nestes locais, ou me vigiarem por estar no meu próprio carro. Nós negros e negras temos que provar com depoimentos ou documentos porque estamos em determinados espaços – principalmente naqueles em que não somos esperados – a isso damos o nome de racismo estrutural e racismo institucional – e eles estão presentes a todo momento e em todos os lugares”.

Silvana Elisa de Morais Schubert,  Doutora  Mestre em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná, possui Doutorado e Mestrado (livre) em psicanálise clínica voltada a saúde mental.

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É escritora dos livros de literatura e na área da surdez, além de artigos e capítulos sobre temas diversos entre eles questões raciais.

“Há muitas questões importantes e urgentes para os negros no Brasil. Muitos negros estão aprendendo neste século que não há vergonha na sua cor, não há problemas na sua pele e que eles não são inferiores nem descendentes de escravos, mas sim de reis, rainhas, que foram retirados de seu lugar e escravizados. Por muito tempo essa história foi contada pela ótica do colonizador e o racismo até hoje está impregnado na sociedade.

Hoje temos Leis como a 10.639 de 2003, que possibilitou o ensino e a valorização dos povos pretos, indígenas, da miscigenação brasileira, com o estudo das relações étnico-raciais. Esse modo de olhar o outro fez com que a sociedade e nós pretos, entendêssemos nossa história e o quanto nos foi negado o direito de ser gente, de sermos realmente livres. Importa hoje que as crianças pretas e famílias pretas do Brasil possam assumir seu lugar na história e conhecer a si como não inferior, nem subalternizado.

Os primeiros passos estão sendo dados, mas não sem luta, por isso é urgente que nós adultos pretos, possamos fortalecer as lutas, pois crianças são o nosso presente e futuro e se podem ser empoderadas, certamente, serão muito mais livres e fortes do que fomos. A primeira demanda urgente é fortalecer.

As campanhas são um pontapé inicial para as modificações sociais, mas sabemos que apenas isso não basta. Ainda enfrentamos as condições desiguais no trabalho, nos cargos e salários, nas instituições os lugares de liderança comumente não são delegados a negros. A diferença entre o antes e o agora, é que o racismo que era escancarado, hoje é velado; muitas vezes são dadas outras desculpas para o não, ou para o aceite de outra pessoa. Demoramos mais para chegar a alguns postos de referência, precisamos sempre comprovar nossas capacidades.  Não é incomum que haja nos diversos e diferentes ambientes as brincadeirinhas racistas. Mesmo em concursos públicos ou vestibular, quando temos direito a participar como cotistas, precisamos enfrentar o desagrado dos racistas de plantão, que confundem com posse ilegal de seus privilégios brancos, pois sempre os tiveram e dividir com uma pessoa preta nunca foi uma opção.

Você pergunta como enfrento o racismo? Há dificuldade e acredito que para toda pessoa preta. Isso porque ficamos negando que o ato sofrido seja racista. Sofrer uma ação racista não é um “mimimi”; quando sofremos, negamos o ato e a nós mesmos, é triste e desumanizador. É desestabilizante, ficamos tentando arrumar uma justificativa para aquilo, que não seja pelo preconceito de cor, mas ele (o racismo) existe e é frequente. Não é fácil identificar com clareza, pois para isso é preciso assumir o sofrimento, e se sofrer não é legal, imagine sofrer e ter que dizer a outros que é pela sua cor, quando o outro (racista) é interpelado sempre dirá que foi um equívoco da nossa parte. Sendo assim, posso dizer que enfrentar o racismo tem um significado a cada caso, a cada dia, situação, pessoa e lugar. Já sofri racismo em uma faculdade de renome, quando fui para o trabalho e me impediram de estacionar meu carro na vaga de professor, seguido por um simples pedido de desculpa e negativa do ato, o racismo está nos vigias das lojas, supermercados, ônibus, e outros, e é enfrentado pela resistência, posicionamento crítico e principalmente pelo conhecimento e educação sem conformismo. Não é fácil, exige muito de nós.

Pensar em consciência negra não é apenas para brancos se conscientizarem do seu racismo, mas para nós que somos pessoas pretas podermos pensar a nossa própria identidade e experiências. Passei minha vida sem querer entender essa questão de cor, de pele, de preconceito e de racismo, sempre tentava pensar que as ações eram por outras causas que não a minha pele, a minha cor. Quando olho para trás eu vejo que tudo seria diferente se eu pudesse ter sido a Sil, criança preta, empoderada, porém fui discriminada, humilhada, excluída muitas vezes, substituída, ninguém dizia a uma criança preta que ela era bonita, que seu sorriso largo era bonito, que ela chegaria onde quisesse. Ao contrário, éramos feios, escuros (de cor), fadados ao subemprego e baixa escolaridade. Com isso, penso que o trabalho com a consciência negra pode ajudar os pretinhos e pretinhas a serem empoderados e belos e as crianças brancas a amarem o outro como pessoa dos mais variados tons.

Hoje em dia, muitas mudanças estão sendo adotadas no Brasil como forma de “pagar” uma dívida milenar do povo brasileiro, com relação ao racismo. É uma dívida histórica quase que impagável, são os negros que ficam fora da escola, vivem nas favelas, ficam com os subempregos, são os negros a maioria chamada de minoria, que morrem nas mãos das autoridades que deveriam proteger, que não podem correr a noite para pegar o ônibus, confundidos com ladrões e vagabundos, como foi na abolição da escravatura, por isso a dívida não será facilmente paga. Fora os pretos aqueles deixados de fora da lei das cotas de propriedade quando os imigrantes vieram para o Brasil, o intuito de branqueamento, fez de nós herdeiros da vergonha, herdeiros da identidade que escravizava, desumanizava e apontava-nos como pouco capazes, sendo assim, é uma dívida e tanto! Já avançamos no modo de nos ver, de não sermos mais apontados como escravos, mas povos escravizados, de encontrarmos na história reis, rainhas, homens que resistiram a escravização, nossas crianças pretas estão mais empoderadas, assumem seus cabelos e suas texturas, enfrentam o racismo, nãos e calam como nós fazíamos por ordem da sociedade. Se a sociedade deixou de ser racista? Claro que não! Mas hoje ser racista tem preço e peso de lei. Por isso esperamos que os avanços continuem, porque nossas vozes são muitas e uníssonas, não nos calaremos nunca mais! Até nossa voz é preta, é forte, é de luta e resistência”.

Conheça algumas expressões racistas e seus significados

Esclarecer: Tem o significado de iluminar, tonar algo claro ou compreensível. Traz o conceito de que apenas algo claro ou branco é bom ou faz sentido. Você pode substituir esses termos por “deixar explicado”, “explicar” ou “informar”.

Denegrir: A palavra denegrir vem do latim que significa “tornar escuro” ou “manchar” A palavra ficou com conotação negativa, porque uma mancha não é uma coisa bonita e implica sujidade. Além disso, a ideia de escurecer implica a noite e coisas sombrias, erradas e até perigosas. No sentido mais metafórico, significa manchar a reputação de alguém ou alguma coisa, ou tornar ruim. Substitua esses termos por “manchar”, “infamar” ou “desacreditar”.

Lista negra, mercado negro ou ovelha negra: A palavra ‘negra’ é usada como adjetivo para descrever algo de forma negativa. Substitua esses termos por “lista de coisas odiadas”, “mercado de vendas ilegais” e “pessoa que não pertence ao grupo”.

A coisa tá preta: Como foi dito anteriormente, palavra ‘preta’ traz uma conotação negativa para a ocasião. Você pode substituir esses temos por “a coisa não está legal” ou “a coisa tá ruim”.

Inveja branca: Utilizar a palavra ‘branca’ como adjetivo representa algo bom. Segue o caminho de usar a cor para determinar se algo é bom ou ruim. Então para isso use “inveja boa”.

Lápis cor de pele: Associa a cor bege ao tom de pele “apropriado”, inferiorizando a cor da pele negra. Portanto, use a cor definida do lápis, “cor marrom”, “cor bege”, etc.

Meia-tigela: É utilizado para determinar algo de baixa qualidade. O termo tem origem na época em que os negros trabalhavam forçadamente nas minas, e quando não alcançavam sua meta do dia, recebiam apenas meia tigela de comida. Substitua essa expressão por “sem valor”.

Criado-mudo: Se refere aos móveis que costumam ficar ao lado da cama. Na realidade, os criados mudos são da época da escravidão, em que os escravos ficavam parados ao lado da cama, segurando diferentes objetos, sem poder fazer barulho. No lugar dessa expressão, use “mesas de cabeceira” ou “estante”.

Doméstica: Usada para mencionar a empregadas que trabalham em residências, a palavra tem origem na época da escravidão, quando os negros eram vistos como animais selvagens e as escravas que trabalhavam dentro de casa eram consideradas “domesticadas” para tal serviço. Substitua esse termo por “faxineira” ou “diarista”.

Serviço de preto: Refere-se a uma tarefa mal feita, algo que foi feito de maneira errada ou incompleta. Novamente traz o termo “preto” como algo pejorativo. Substitua esse termo por “serviço mal feito”.

Feito nas coxas: É usado para dizer que algo foi feito errado ou mal feito. Quando havia escravidão as telhas eram feitas de argila e moldadas nas coxas dos escravos, como haviam corpos diversos os tamanhos das telhas ficavam desiguais fazendo parecer que o serviço era feito de forma errada. Substitua esse termo por “mal feito”.

Segurar vela: Termo utilizado para se referir a uma pessoa que sai com algum casal e acaba “sobrando” ali. Ele surgiu na época da escravidão, usavam o termo para se referir a um escravo que ficava ao lado da cama de um casal segurando uma vela enquanto eles namoravam.

Boçal: Termo utilizado para se referir a escravos recém chegados que não sabiam falar português. Evite esse termo e substitua por “ignorante”.

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