De acordo com o relatório estatístico do Detran-PR, em fevereiro de 2023 Araucária contou com a frota crescente de 58 ciclomotores, 11.371 motocicletas e 1.538 motonetas e, consequentemente, o aumento na proporção do número de acidentes. No comparativo estatístico disponível no site do Corpo de Bombeiros, em janeiro de 2022 foram registrados 21 acidentes envolvendo motos contra 27 em janeiro deste ano; em fevereiro de 2022 foram 21 acidentes contra, coincidentemente, 27 em fevereiro deste ano; já em março de 2022 foram registrados 30 acidentes contra 23 em março deste ano (até o dia 28).
Sobre estes números, o Departamento de Trânsito de Araucária ressalta que a quantidade de ocorrências com motos pode ser explicada não por um, mas por diversos fatores. Primeiramente é preciso lembrar que o contexto de pandemia (com a necessidade de distanciamento entre pessoas) e de dificuldades financeiras levou muitas pessoas a optarem pela moto como meio de transporte. Em 2022, por exemplo, as vendas de motos superaram as de carro no Brasil pela primeira vez em mais de 30 anos. A moto também virou objeto de trabalho para muitas pessoas nos últimos anos. Esses fatores citados devem ser levados em conta também para Araucária, ao tratar de mobilidade e ocorrências de trânsito. De acordo com o Trânsito, com mais veículos nas ruas é possível que ocorram mais ocorrências. Situações de chuva, visibilidade ruim, mal estar, imprudência / bebida / alta velocidade são exemplos que podem levar a danos e vítimas no trânsito.
“Os dados de 2023 em Araucária mostram, de maneira geral, que as ocorrências de trânsito com moto no município têm como perfil majoritário homens, na faixa dos 20 ou 30 anos e que os incidentes, em sua grande maioria, foram sem muita gravidade. Neste período foi registrado um óbito, em uma situação de colisão da moto com um anteparo (obstáculo fixo) na área rural. De um total de 82 ocorrências até esta quarta (29), 43 envolveram moto e carro. É importante esclarecer que os dados incluem ocorrências (13 delas) nas rodovias que cortam o município, como a PR 423 e a Rodovia do Xisto (BR 476)”, ilustrou o departamento.
Importância das campanhas
O Prof. Me Valdilson Ap. Lopes, pesquisador em Trânsito e Mobilidade Urbana e Observador Certificado Pelo Observatório Nacional de Segurança Viária também fez uma avaliação dos dados e reforça que atualmente a aquisição de veículos de duas rodas está cada vez mais acessível ao consumidor, entre financiamentos, consórcios e outros meios. Uma parcela custa em média o vale-transporte que o motociclista utilizaria para seu deslocamento diário. “Todavia, o excesso de velocidade e a imperícia revela o problema de conscientização entre o sujeito, máquina e a via, uma vez que o veículo é indispensável para a mobilidade humana em longos caminhos”, argumenta.
O pesquisador lembra ainda que, considerando os últimos acidentes de trânsito em Araucária, é difícil prever a totalidade estimada até o final deste ano, se comparado com anos anteriores e correlacionados as alterações ou inserções das leis de trânsito, as tecnologias de segurança e os comportamentos dos motociclistas. No entanto, ele afirma que através de políticas públicas seria possível impor melhorias na formação do motociclista e na avaliação de aptidões necessárias e essenciais para pilotagem segura.
“Em breve, iniciaremos as campanhas do Maio Amarelo 2023 em todo o Brasil com o tema ‘No trânsito, escolha a vida’, porém não podemos discutir segurança no trânsito apenas nesta data. Anualmente, o Contran estabelece as campanhas mensais para serem trabalhadas. Neste mês de abril o tema será ‘Os avós do (a) motociclista’, e o foco serão os avós dos motociclistas, para que eles sejam agentes proativos na construção de rede de proteção ao motociclista. Para finalizar, todo gestor de trânsito almeja alcançar a meta de zero morte no trânsito e reduzir os números sinistros, porém é necessário promover a conscientização dos motociclistas, investindo em educação para o trânsito, programas de formação continuada para motofretistas e motociclistas, ações de conscientização efetivas e de caráter formativas, sendo ações essenciais para a redução de sinistros conforme o Art 74 do Código de trânsito Brasileiro”, sugere.
Edição n. 1356