Polícia Militar e Guarda Municipal impedem mega invasão no Capela Velha

O início do feriadão santo não foi nada tranquilo na região do jardim Shangai, bairro Capela Velha. Isso porque cerca de duzentas pessoas decidiram invadir uma área particular às margens da rua Coleira do Norte. A ocupação só não se concretizou porque a Polícia Militar e a Guarda Municipal agiram rápido.

A primeira tentativa de invasão da área começou na noite de quinta-feira, 17 de abril, mas foi contida por equipes da GM e da PM. Porém, na manhã da sexta-feira santa, 18 de abril, centenas de pessoas largaram o peixe em casa e voltaram ao terreno decididos a instalar ali mesmo a sua própria versão do “Minha Casa Minha Vida”. De novo, equipes policiais foram ao local e orientaram os invasores a deixar o imóvel. Estes, no entanto, não deram muita bola para a recomendação, o que obrigou as autoridades a organizar uma pequena operação para desmontar as barracas que já haviam sido construídas e por fim ao movimento.

A operação se deu no final da tarde de sexta-feira, foi comandada pela 2º Cia da Polícia Militar de Araucária e contou com o apoio da Guarda Municipal. Ao todo, cerca de oitenta homens deram suporte à ação. Funcionários das secretarias de Meio Ambiente, Obras Públicas e Urbanismo auxiliaram no trabalho, que também foi acompanhado pela Cohab-Araucária e pelo Conselho Tutelar.

Tatuquara e região
No local, tão logo a polícia chegou para desocupar a área, o clima era tenso. Diversas famílias reclamavam que só estavam ali porque não tinham condições de comprar um imóvel para morar. Um deles era um senhor que se apresentou como Carlos. Ele disse ser morador do bairro Tatuquara, em Curitiba. Com dois filhos e pagando aluguel na Capital, ele não pensou duas vezes quando soube da invasão. “Ninguém mora aqui nesse terreno, que está abandonado, o que custa deixar a gente ficar aqui?”, argumentou.

Outro invasor, que não quis se identificar, reclamou que o Governo não dá moradia para as famílias pobres e depois “não quer deixar invadir”. “Dinheiro pra Copa do Mundo tem, mas pra dar moradia pra gente, não. Olha aí o que eles estão gastando com a Baixada”, bradou.

É possível calcular que o grosso dos invasores era morador de fora de Araucária. No entanto, havia também ali pessoas vindas de regiões já irregulares do próprio Capela Velha, como a ocupação “Israelense” e “Arvoredo”.

Apesar do clima tenso que marcou o início da operação não houve qualquer tipo de confronto entre policiais e invasores. Isso, mesmo com algumas pessoas bradando palavras de ordem contra os PMs e GMs e fazendo gestos obscenos para o efetivo.

Área particular
O secretário de Urbanismo, Elias Kasecker, que acompanhou a operação, ressaltou que área que estava sendo invadida é de propriedade particular e já adiantou que os proprietários do imóvel serão notificados pela Prefeitura para que, pelo menos, cerquem o lugar, coibindo assim a ação de invasores.

Pelo que apurou nossa reportagem, a área às margens da rua Coleira do Norte tem cerca de dez mil metros quadrados e pertence as famílias Seima e Kokubo.

Horácio Kokubo, aliás, também estava no local acompanhando a ação da polícia. Questionado pelo O Popular sobre o porquê de já não ter cercado a área ou mesmo colocado segurança particular para evitar a ação de invasores, ele foi evasivo. Disse apenas que está vendo a situação e jogou a responsabilidade pelo problema para a família Seima, que seria a proprietária da faixa do terreno que margeia a rua Coleiro do Norte.

IPTU progressivo
Nossa reportagem questionou ainda o secretário de Urbanismo sobre a possibilidade de aplicar aos proprietários da área o chamado IPTU progressivo, já que o imóvel fica em área urbana, não cumpre a função social estipulada no Estatuto das Cidades, o que acaba incitando a ocupação irregular e, de certa forma, onerando o Estado. Por exemplo, só a mobilização do aparato policial para a desocupação da área invadida na sexta-feira custou aos cofres públicos, por baixo, alguns milhares de reais, além de ter desguarnecido de segurança outras regiões do município, que tiveram o policiamento diminuído no transcurso da “reintegração de posse”.

Segundo Elias, a medida é perfeitamente cabível e deverá ser adotada no caso do imóvel dos Seima e Kokubo. “Na semana que vem, vamos conversar isso com a Secretaria de Finanças, pois o IPTU progressivo já é um instrumento previsto em nosso Plano Diretor”, destacou.
 

Polícia Militar e Guarda Municipal impedem mega invasão no Capela Velha

 

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