No monte Sinai Moisés recebeu a tábua da lei, que consistia nos 10 mandamentos, que o povo de Deus deveria cumprir, para caminhar na direção certa. Mais tarde, esses 10 mandamentos foram se ampliando, chegando ao número de 613, sendo que o maior de todos, era o cumprimento do sábado, como dia consagrado ao Senhor Deus. Situação realmente muito complicado, pois, em primeiro lugar, era muito difícil decorar tantos mandamentos, e, pior ainda, cumpri-los. A pessoa andava engessada para conseguir cumprir tantas leis, tantas normas, duramente fixadas e exigidas pelos fariseus.
Jesus não estava apegado à lei, mas, a sua grande preocupação, era viver o amor, como a máxima da lei. Por causa disso, foi acusado de não levar a sério a lei e os profetas. E o Mestre responde dizendo que ele não veio abolir, muito pelo contrário, dar pleno cumprimento à lei, ou seja, não basta amar somente os que te amam, mas, sobretudo, os inimigos. Para ele, a lei que deveria dirigir todos aqueles que querem seguir a Deus, é única exclusivamente a lei do amor. Amor que se manifesta através de palavras, gestos e ações.
Diante da pergunta dos fariseus, que tentavam lhe pregar em alguma armadilha sobre qual é o maior mandamento, Jesus é claro em dizer que é o amor a Deus. Amar a Deus de todo o coração, de todo entendimento e com todas as forças. Mas, esse amor a Deus pode ser abstrato, se não se concretizar no amor ao próximo. Diversas vezes Jesus vai dizer aos fariseus e ao povo ao geral, que, aquele que diz que ama a Deus e odeia o próximo, é um mentiroso. O amor a Deus que não se vê, só é verdadeiro, quando amamos o próximo. E, mais do que isso, além de amar a Deus e ao próximo, é preciso amar-se a si mesmo.
Para o evangelista São Mateus, quem ama o próximo, naturalmente ama a Deus. E nem sempre quem diz que ama a Deus, ama o seu próximo. O amor como um comportamento e, não como um sentimento. Hoje se fala muito na palavra amor, mas, sem penetrar na sua essência. Torna-se apenas um sentimento passageiro, que facilmente se desfaz diante de problemas e adversidades. O amor que Jesus prega é um comportamento, um jeito de ser, uma ação. Ou, como diz um certo autor, quando se refere ao amor: ‘o amor é aquilo que o amor faz’.
O verdadeiro amor se manifesta através de palavras de consolo, de ânimo, de conforto, de esperança a quem está passando por situações adversa. Além de palavras, o amor se percebe nos gestos de acolhida, de escuta, de um abraço sincero e verdadeiro. São gestos que podem ajudar a levantar aquele que está caído e necessitado de uma presença amigo. Mas, sobretudo, o amor que provém de Deus, se vivencia através de obras concretas de solidariedade, de partilha, de um sair de si mesmo e ir ao encontro de quem precisa. Aquele que vive o verdadeiro amor, que brota do amor a Deus, sai de si mesmo, do seu egoísmo, do seu individualismo, do seu comodismo, e está sempre pronta a ajudar a quem precisa. Não basta ser fiel às leis externas, mas, muito mais do que isso, palavras de conforto, gestos e ações concretas que ajudam o outro, sobretudo, nos momentos mais difíceis da sua vida.
Edição n.º 1386