Desde o nascimento vivemos cercados de linguagem por todos os lados, e é por meio dessas linguagens que aprendemos a falar e a ler. Precisamos pensar a leitura como um direito cultural, pois ela é nutrida de múltiplos estímulos, desde as intenções mais espontâneas possíveis, como um carinhoso acalanto em que a voz registra a poesia por meio da afetividade e da amorosidade das palavras e pelo contato com os livros literários que perpassam pela nossa infância.
Desenvolvemos a linguagem a partir do que escutamos e, sobretudo, por meio das interações sociais e culturais que exercemos com nossos pares. Dentro desse contexto, estão as cantigas de roda, os causos, os trava-línguas, os poemas e toda cultura arraigada ao meio social. Para as crianças, podemos dizer que a linguagem verbal do adulto é um modelo a ser imitado por elas, assim sendo, a comunicação entre adultos e crianças desempenha primordial importância no desenvolvimento da linguagem e na aquisição dos signos linguísticos. O uso da literatura torna-se um importante recurso a ser disponibilizado para as crianças desde bebês, de modo que, por meio desse contato, as crianças exploram cada vez mais a imaginação e a criatividade, construindo aos poucos seu repertório linguístico.
Não podemos deixar de valorizar o contato com os livros físicos e com a prática da contação de histórias como ricos momentos de interação, sensibilização e experiências afetivas com a linguagem. Ao ouvir ou contar uma história, não podemos deixar de notar olhos fixos a imaginar as cenas, movimentos faciais e gestuais expressando as emoções ali contidas, além dos sons ou cenas que marcam, sendo muitas vezes imitados pelas crianças. O momento da contação de história, seja organizado pelo professor, pelos pais, avós, irmãos mais velhos ou qualquer familiar, fortalece o vínculo das crianças com os adultos, com a linguagem verbal e cultural, e também com a diversidade dos textos literários existentes.
A partir das interações, as crianças vão aprendendo a pensar sobre a sua própria linguagem, apropriando-se, ampliando e enriquecendo suas expressões e seu vocabulário por meio do contato com a literatura e com o mundo letrado. Nesse contexto, destacamos o papel do adulto em proporcionar às crianças o contato com diversos materiais, sempre respeitando o conteúdo permitido de acordo com a idade, que venham a ampliar cada vez mais seu repertório linguístico, como: livros de literatura infantil, cinema, poemas, músicas, receitas, bilhetes, embalagens, placas de modo geral, outdoors, listas, entre tantos outros recursos linguísticos de fácil acesso que contribuem para o desenvolvimento da linguagem e da escrita. Ao ser estimulada cotidianamente, a criança vai desenvolvendo gradativamente a consciência do papel da leitura e da escrita dentro do contexto social para além dos muros da escola.
Edição n.º 1431. Departamento de Educação Infantil.