A cadela quando entra no cio atrai machos para o acasalamento, podendo provocar brigas e a multiplicação de cães na rua. Mesmo uma fêmea presa dentro de um terreno, pode atrair vários machos no portão, situação que geralmente gera reclamações de vizinhos. Foi justamente isso que aconteceu em uma rua da região central, perto da Prefeitura Municipal, onde uma cadela no cio atraiu dezenas de cães, que fizeram um barulho excessivo, latiram, uivaram e brigaram entre eles, causando revolta entre os moradores próximos.
Eles levantaram um questionamento sobre a obrigação de o tutor castrar seu animal de estimação em situações semelhantes a que ocorreu. No entanto, segundo afirma o veterinário Gustavo Warich, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, não existe a obrigação de castrar cães no município para que não entrem no cio, a não ser em casos onde há omissão do tutor, quando o animal desenvolve alguma doença e ele não procura atendimento veterinário.
“Em casos de doenças e da necessidade de um procedimento cirúrgico, como por exemplo a Piometra, que é a infecção do útero que pode levar o animal a óbito, o tutor é obrigado a castrar sua cachorra. Vale lembrar que a Prefeitura oferece a castração gratuita, que traz benefícios como a diminuição da possibilidade de desenvolvimento de câncer e a prevenção de doenças reprodutivas transmitidas entre os animais”, explica o veterinário.
Com relação aos animais que estão na rua e procuram as fêmeas seguindo seus instintos, caso se tenha conhecimento do tutor dos mesmos, isso configura maus tratos, passível de denúncia. “Ainda, se o alvoroço for dentro do imóvel do tutor, envolvendo seus próprios cães machos e fêmeas, não cabe ao Departamento de Proteção Animal atender a situação. A pessoa incomodada poderá procurar a polícia para uma denúncia de perturbação do sossego”, orienta Gustavo.
Importância da microchipagem
A veterinária Ieda Ohpis reforça que o fato de um tutor não castrar um animal não é considerado maus tratos. “Ninguém pode obrigar um tutor e não existe nenhuma lei que o faça castrar seu pet”, afirma. Com relação aos animais de rua, que comumente são atraídos por fêmeas no cio, Ieda diz que não há muito o que fazer. “Existem muitos cães que moram na rua, não por opção deles, mas porque foram abandonados ou a mãe foi abandonada e teve os filhotes ali. Além disso, em Araucária temos a lei do cão comunitário (Lei nº 3.446/2019), que ampara os animais de rua”, explica.
Entretanto, a veterinária reforça que há casos de cães semi-domiciliados, que mesmo tendo tutores, são frequentemente soltos para passear nas ruas. Quanto a esses, o Código de Posturas Municipal diz que todos os animais do município que tenham tutores, como cães, cavalos e éguas, precisam ser identificados eletronicamente. “O problema é que ninguém está pegando firme nessa campanha, para ir de casa em casa verificar se os animais estão microchipados. A microchipagem é importante para a identificação dos cães que possuem dono e ficam passeando pelas ruas, causando incômodos aos moradores”, ilustra.
Ieda lembra que nos casos em que há uma fêmea no cio, é comum os vizinhos reclamarem do barulho dos cães que são atraídos pelo cio da cachorra. “É uma situação complicada e não há muito o que fazer, o vizinho pode tentar registrar uma denúncia no Meio Ambiente, por barulho ou desordem, para ver se a secretaria poderá orientar o tutor a castrar seu pet”, sugere.
Edição n.º 1446.