Desde outubro de 2024 a Secretaria Municipal de Saúde paga o aluguel de um imóvel inacabado e com vários vícios de construção para servir como sede provisória para a Unidade Básica de Saúde São José, conhecida como UBS Tupy.
O caso veio à tona esta semana após consulta feita por nossa reportagem ao portal da transparência do Município de Araucária. O contrato de locação do imóvel foi assinado pelo então secretário de Saúde, Bruno Rodelli Mendes. Por mês, saem dos cofres públicos R$ 8.300,00 para pagamento da locação do “prédio em construção”.
O prédio em questão fica na rua Malva, 1099, no bairro Campina da Barra. A ideia era que ali funcionasse provisoriamente as instalações da UBS Tupy enquanto não é construída a nova unidade de saúde do bairro. A licitação para essa nova edificação chegou a ser feita e as obras iniciadas, mas a empresa que venceu o certame abandonou os trabalhos e até o momento uma nova concorrência não foi aberta.
Com a nova unidade de saúde sem ter sequer um prazo para ser entregue o antigo secretário de Saúde achou que seria uma boa ideia locar um imóvel inacabado para abrigar a UBS Tupy provisoriamente. No próprio processo aberto para efetivação da locação foram apontados problemas aparentemente insanáveis do ponto de vista da legislação municipal. Mais do que isso. Foram apontados também uma série de dificuldades de acessibilidade ao imóvel, que dificultariam e colocariam até em risco a locomoção de pacientes com mobilidade reduzida.
Na vistoria feita por técnicos da Prefeitura ao imóvel foi constatado que o prédio não possui CVCO (Certificado de Vistoria de Conclusão de Obras). Só a falta deste documento tornaria inviável a locação com base na Nova Lei de Licitações. Mas os problemas não acabaram por aí. Também foi constatado que o proprietário do prédio executou um projeto diferente daquele submetido ao Município. Uma das discrepâncias seria justamente a localização física do elevador, que estaria na parte final do imóvel. Com isso, pasmem, para acessar a área de consultórios, por exemplo, um cadeirante teria que atravessar um vão de duzentos metros para só então chegar à porta de acesso ao elevador. Além disso o prédio possui problemas nas escadas e vários outros desníveis que o tornam inapropriado para ser utilizado como unidade de saúde.
Outro absurdo é o próprio custo para adaptar o imóvel para servir como sede provisória da UBS. Informações obtidas pelo O Popular apontam que eles girariam na casa dos R$ 300 mil, podendo chegar a meio milhão de reais.