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Pai que estuprou a própria filha de 13 anos segue preso preventivamente
Foto: Divulgação

O homem de 45 anos que foi preso preventivamente na noite de sexta-feira, 17 de janeiro, acusado de estuprar a própria filha, de 13 anos, passou por audiência de custódia na última segunda-feira (20) e alegou que não sabe dizer porque cometia os abusos. Ele apenas relatou que deitava na mesma cama que a filha e tudo acontecia.

O acusado segue preso preventivamente e a Delegacia da Mulher de Araucária, que investiga o caso, aguarda o depoimento em juízo da adolescente, para descobrir desde quando os abusos vinham sendo cometidos. “Ainda não temos a data deste depoimento, mas como se trata de um processo com réu preso, deve sair entre 30 e 60 dias. Enquanto isso, a jovem vem recebendo todo apoio da mãe, que tem se mostrado bastante atenciosa e, com certeza, deve estar dando todo suporte necessário à filha”, disse o delegado titular da DM, Eduardo Kruger.

O caso chegou ao conhecimento da Delegacia, após denúncias da própria mãe da adolescente. Ela encontrou no celular de seu marido as fotos que ele tirava da própria filha enquanto praticava os atos criminosos. Após a prisão, o pai foi levado até a Delegacia para ser interrogado e acabou confessando a prática do crime.

Atenção aos sinais!

A assistente social Josiane Ferreira, coordenadora do Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, explica que o abuso sexual contra crianças e adolescentes é qualquer forma de envolvimento de uma criança ou adolescente em atividades de natureza sexual, realizadas por um adulto ou por outra pessoa em posição de poder ou influência. Esse abuso pode incluir contato físico, como carícias ou atos sexuais, mas também pode ocorrer sem contato direto, como exposição a conteúdo pornográfico, aliciamento online, comentários ou comportamentos inapropriados de cunho sexual. Nem sempre está vinculado ao ato sexual em si, mas sempre configura uma violação grave dos direitos, da dignidade e da integridade da vítima.

“Precisamos ficar atentos aos principais sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes, que incluem alterações no comportamento, como isolamento, agressividade, medo de determinadas pessoas ou locais e regressão em comportamentos. Também podem surgir sinais emocionais, como depressão, ansiedade, pesadelos e baixa autoestima, além de sintomas físicos, como lesões, dores nas áreas íntimas ou infecções sexualmente transmissíveis. Queda no rendimento escolar e comportamentos sexualizados inadequados para a idade também são indicativos”, exemplifica a assistente social.

No entanto, ela lembra que esses indícios não representam a confirmação de que houve abuso. É fundamental que a criança ou adolescente passe por atendimento especializado para avaliar a situação e garantir o cuidado necessário. Qualquer suspeita deve ser cuidadosamente investigada e encaminhada às autoridades competentes para garantir a proteção da vítima.

“O tratamento de crianças e adolescentes vítimas de exploração sexual deve ser baseado na proteção, no respeito, cuidado e preservação da privacidade, evitando a revitimização. É crucial criar um ambiente seguro e acolhedor, onde a vítima possa se expressar sem medo e sem ser forçada a relatar detalhes dolorosos. A proteção da vítima, o encaminhamento para serviços especializados e a denúncia às autoridades são passos fundamentais para garantir sua recuperação, segurança e responsabilização do agressor, sempre respeitando sua dignidade e confidencialidade”, afirma.

Ainda conforme a coordenadora do CREAS, o abuso sexual contra crianças e adolescentes pode causar danos físicos, como lesões nas áreas íntimas, infecções sexualmente transmissíveis e problemas de saúde recorrentes. Psicologicamente, pode gerar transtornos emocionais como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, baixa autoestima, sentimentos de culpa e vergonha, e dificuldades em estabelecer relações sociais e familiares. Comportamentos autodestrutivos, como autolesão e abuso de substâncias, também são comuns, assim como dificuldades de aprendizado e concentração. “Esses efeitos podem perdurar por anos, afetando profundamente o desenvolvimento da vítima, o que torna essencial o apoio psicológico e a proteção contínua”, alerta.

Como abordar o abuso

Josiane diz que ao falar com uma criança ou adolescente sobre abuso sexual, é fundamental adotar uma abordagem sensível, clara e sem julgamento, criando um ambiente seguro onde ela se sinta à vontade para conversar. Algumas orientações incluem:

1. Usar uma linguagem simples e adequada à idade: Explicar o que é abuso sexual de forma compreensível, sem utilizar termos assustadores ou complicados. Evitar detalhes explícitos e focar no conceito de respeito ao corpo.

2. Enfatizar o direito de dizer “não”: Ensine a criança ou adolescente que tem o direito de se defender e de recusar qualquer contato físico ou comportamento que o/a faça se sentir desconfortável, seja por parte de adultos ou outras crianças.

3. Explicar sobre privacidade e limites: Reforce que o corpo é pessoal e que ninguém tem o direito de tocá-lo sem permissão. Ensine sobre os limites do toque e sobre a diferença entre toques apropriados e inapropriados.

4. Reforce a importância de falar quando se sentir desconfortável: Crie um ambiente em que a criança ou adolescente saiba que pode confiar em você para contar sobre qualquer situação que a faça sentir medo, vergonha ou confusão.

5. Use exemplos e situações cotidianas: Fale sobre comportamentos comuns que podem ser abusivos, como toques indevidos, pedidos para fazer coisas que a deixem desconfortáveis, ou ser forçado a ver ou participar de algo impróprio.

6. Assegure a confiança e a segurança: Deixe claro que a criança ou adolescente nunca será culpado pelo abuso e que eles serão protegidos, caso algo aconteça.

“Ao abordar esse assunto com respeito, empatia e clareza, ajudamos a criança ou adolescente a identificar possíveis abusos, aumentando a confiança e a capacidade de buscar ajuda quando necessário”, assegura a assistente social.

Mães coniventes?

Algumas mães demoram para perceber que seus filhos estão sendo abusados pelo envolvimento de fatores emocionais, psicológicos, sociais e contextuais. Aceitar que alguém próximo seja capaz de cometer tal ato é extremamente doloroso, levando muitas pessoas a preferirem negar a realidade, especialmente quando elas próprias, em muitos casos, também foram vítimas de abuso. O agressor pode ainda manipular ou intimidar as mães. “Similarmente, a dependência financeira ou emocional é um fator determinante para a dificuldade no rompimento da relação. A confusão ou desconhecimento dos sinais emitidos pela criança também dificultam a percepção, visto que, muitas não conseguem expressar claramente o que está acontecendo”, alega Josiane.

Ela diz também que são frequentes os casos onde a família da vítima protege o próprio agressor, isso porque os laços afetivos e crenças religiosas dificultam a aceitação do fato. “Muitos agressores são os provedores financeiros da família ocasionando dependência e medo de retaliação. Além disso, quando há um histórico de abuso sexual em outros membros da família, pode ocorrer descrédito da vítima e uma preocupação em preservar a reputação familiar”.

Canais de denúncias

Em Araucária, é possível realizar denúncias de abusos contra crianças e adolescentes através dos Conselhos Tutelares ou pelos Disque Denúncias 181 ou 100 e na Delegacia da Mulher e do Adolescente: 3641-6011. “É importante ressaltar que, em casos de suspeita de abusos contra crianças ou adolescentes, é possível buscar orientação em qualquer órgão da rede de atendimento público municipal (UBS, CRAS, CREAS, escolas, hospitais, Guarda Municipal, entre outros)”, orienta a coordenadora do CREAS.

Araucária possui dois Conselhos Tutelares:

  • Conselho Tutelar Leste: 3614-1784 /e-mail: conselhotutelarleste@araucaria.pr.gov.br – Rua Ceará 15, Cachoeira.
  • Conselho Tutelar Oeste: 3614-1794/ e-mail: conselhotutelar@araucaria.pr.gov.br – R. Joaquina Tonchak, 880 – Porto das Laranjeiras.

Edição n.º 1449.

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