Neste sábado, 19 de abril, comemorou-se o Dia dos Povos Indígenas, data estabelecida para celebrar a diversidade de culturas dos povos indígenas brasileiros; implementar políticas públicas que garantam os direitos dos povos originários; combater preconceitos contra esses povos; promover reflexões sobre a importância desses povos, destacando sua relevância para a proteção e preservação ambiental.

A data foi criada no ano de 1943, por influência de Marechal Rondon, importante indigenista brasileiro e, também, devido ao Congresso Indigenista Interamericano realizado no México, em 1940, com o objetivo de estudar a situação dos povos indígenas no continente americano e criar diretrizes e ações que os governos poderiam adotar para garantir os direitos dos povos indígenas e a preservação de suas culturas e tradições.

É importante que essa data seja lembrada e celebrada por todos, principalmente em Araucária, como forma de preservar a diversidade cultural e a história da cidade.

Segundo o professor de História Rafael de Jesus, quando os primeiros europeus chegaram no Paraná no século XVI, cerca de 200 mil indígenas viviam por aqui. Os povos do tronco ‘tupi-guarani’, mais especificamente os que seriam conhecidos como ‘Tinguis’, eram os que predominavam nas regiões de Curitiba.

“Antes dos ‘Tinguis’, grupos indígenas do tronco Jê dominavam boa parte da nossa região. Esses indígenas viviam em moradias subterrâneas, escavadas no chão. Atualmente chamamos seus descendentes de ‘Kaingangs’ e ‘Xoklengs’”, conta o professor.

Por meio do livro ‘História do Paraná’, do historiador Romário Martins, surgiu uma lenda de que os indígenas do tronco ‘tupi-guarani’, entre eles os ‘Tinguis’, viviam em casas subterrâneas. Nos dias de hoje, essa história não é mais ensinada, e sabe-se que esses povos viviam em aldeias na superfície.

“Voltando à chegada dos primeiros europeus, no século XVI, a aproximação de homens a cavalo e armados, que estabeleciam alianças com algumas tribos do tronco ‘tupi-guarani’ (inimigos históricos dos Jês), acabou afastando os ancestrais dos ‘Kaingangs’ e ‘Xoklengs’, que habitavam a região havia muito mais tempo”, relata.

O professor Rafael ainda descreve que ao longo de todos esses anos, os povos foram desaparecendo. Ou foram dizimados, ou escravizados, ou assimilados pela miscigenação com filhos mais pobres dos conquistadores. Nos dias de hoje, vemos indícios do seu legado cultural nos hábitos, culinária e na nomenclatura de lugares, plantas e animais.

“Como foi dito, muito da cultura indígena ainda se faz presente em nosso dia a dia, como o hábito de tomar chimarrão, o consumo de mandioca, milho e seus derivados; os nomes de lugares como Iguaçu, Curitiba, Paraná, Sabiá, Tindiquera, Tayrá e Tupi; de plantas como guajuvira, pitanga, jabuticaba e araçá; e de animais como capivara, cutia, paca e guará”, ilustra Rafael.

Ele ainda afirma que atualmente, a maioria das pessoas que possuem descendência indígena não são necessariamente dos povos que viviam aqui na região antigamente, mas sim de indígenas de diversas partes do Brasil e de outros países da América Latina.

Edição n.º 1461. Victória Malinowski.