Maio chegou e, com ele, mais uma edição da campanha Maio Amarelo, que neste ano convida a sociedade a refletir com o tema: “Desacelere: Seu Bem Maior é a Vida”. Uma mensagem direta e urgente que nos faz pensar sobre a forma como nos comportamos no trânsito e sobre o quanto temos falhado, enquanto sociedade, na preservação da vida.

De acordo com o pesquisador em Segurança Viária e Mobilidade Urbana, Valdilson Lopes, em Araucária, assim como em muitas cidades brasileiras, os números de sinistros de trânsito conforme o RENAEST (Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito) continuam altos. “Foram 1.327 acidentes registrados em Araucária em 2024. Felizmente o número de óbitos foi relativamente baixo (7), com taxa de 0,53% por sinistro. A maioria dos casos resultou em feridos ou ilesos (2.855), indicando baixa letalidade”, ilustra Valdilson, que também é observador certificado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária.

Ele diz ainda que a alta frequência de sinistros sugere a necessidade de reforço na fiscalização e educação para o trânsito, uma vez que famílias são desfeitas por imprudência, pressa, negligência ou simples desrespeito às regras básicas de convivência. “Falar em ‘mobilidade humana’ é reconhecer que cada vida que transita pelas ruas, seja a pé, de bicicleta, de moto, carro ou ônibus, tem valor inestimável. E reconhecer isso exige responsabilidade coletiva e, principalmente, política”, afirma.

O pesquisador reforça que o Código de Trânsito Brasileiro já prevê a educação para o trânsito como um direito de todos e um dever do Estado. Mas o que se vê, na prática, é um abandono desse princípio. Nas escolas, o tema aparece de forma pontual, quase sempre restrito a campanhas temporárias. Poucos professores são capacitados para abordar a educação para o trânsito como questão cidadã. E nas ruas, a ausência de campanhas educativas permanentes torna o trânsito um ambiente de conflito, não de convivência.

“Embora existam ações pontuais de conscientização, muitos bairros de Araucária ainda enfrentam calçadas sem acessibilidade e ausência de ciclovias. Isso revela um modelo de cidade ainda centrado no carro, e não na pessoa. A fiscalização, por sua vez, continua aquém do necessário. Motoristas que usam celular ao volante, ultrapassam limites de velocidade ou dirigem sob efeito de álcool circulam impunemente, colocando em risco a própria vida e a dos outros. O uso de tecnologias poderia ajudar, mas isso exige investimento e prioridade política”, explica.

Valdilson ainda diz que quando um motorista opta por respeitar a faixa de pedestres, reduzir a velocidade perto de uma escola ou não ultrapassar em local proibido, ele está, de fato, valorizando a vida. “Segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária, mais de 30 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência de sinistros de trânsito. A maioria dessas mortes poderia ser evitada com medidas simples: respeito às leis, atenção ao dirigir, e claro, fiscalização mais rigorosa”, declara.

Edição n.º 1466.