Um menino autista, de apenas 4 anos de idade, foi amarrado a uma cadeira dentro do banheiro da escolinha particular Shanduca, localizada no bairro Iguaçu, em Araucária. A cena de terror aconteceu por volta das 15h30 desta segunda-feira, 07 de julho, e chegou ao conhecimento do Conselho Tutelar e da Guarda Municipal através de uma denúncia.

A criança possui autismo nível 3, e estava com os braços e a cintura amarrados à cadeira, praticamente imobilizada. Ela frequenta a mesma escolinha há cerca de três anos e sua condição especial era de conhecimento de toda a equipe.

A situação revoltante deixou toda comunidade perplexa. Os pais do garotinho foram pegos de surpresa com a notícia e ficaram indignados com o tratamento que o filho recebia na escolinha para a qual eles confiaram seus cuidados, acreditando em um atendimento especializado e, acima de tudo, digno. O que não ocorreu!

Segundo a advogada da família, esta não teria sido a primeira vez que a criança autista sofre agressões. “Já recebemos denúncias de que esta não foi uma situação pontual, pois a criança teria passado por agressões semelhantes, inclusive teria sido amarrada na sala da diretora da escolinha, que disse não saber do ocorrido. O garotinho não se expressa verbalmente devido ao grau do seu autismo, mas os agressores sempre esquecem que o corpo também fala”, declarou a advogada.

Ela ainda disse que os primeiros exames comprovaram as marcas das amarras nos braços e na cintura, configurando um caso típico de maus tratos. “A professora responsável pela agressão de hoje será indiciada por tortura, cárcere privado e maus tratos. Temos conhecimento que a diretora está afastada por problemas de saúde, mas não dá pra negar que todos naquela unidade educacional foram coniventes com o crime, deverão ser punidos por omissão de socorro”, afirmou.

A professora foi presa em flagrante pela Guarda Municipal e levada para a Delegacia de Polícia, onde foi ouvida e confessou o crime. Ela permanece detida e deverá passar por uma audiência de custódia para que a Justiça defina se ela seguirá presa ou responderá pelo crime em liberdade.

Para tentar explicar o ato revoltante, a diretora da escolinha Shanduca, Dani Zimermann, postou uma mensagem na rede social, se dirigindo principalmente às famílias dos alunos – em torno de 50. Ela declara que a escolinha está passando por um momento bem desagradável e que na sua ausência vem acompanhando diariamente as atividades da escola via home office. Ela está de atestado devido a uma cirurgia no quadril, ainda sem locomoção, retornando no próximo mês.

“Hoje, na minha ausência, infelizmente tivemos um acontecido muito triste em nossa escola o qual eu abomino com todas as minhas forças! Para quem me conhece, sabe o quanto mantemos a integridade da escola, bem como o bem estar das crianças, inclusive promovendo o bem estar a todo momento de cada uma delas! Esse tipo de denúncia é grave e sério, e já estamos tomando todas as providências cabíveis quanto ao ocorrido e pessoas envolvidas. Inclusive com advogados para esta ação injustificável. Nunca havíamos passado por tal situação, o que nos deixa bem tristes e sem palavras. Quero agradecer pelas mensagens de apoio aos que conhecem o meu trabalho e acima de tudo falar o quanto lamento pelo ocorrido!”.