O caso do menino autista, de apenas 4 anos de idade, que foi amarrado a uma cadeira dentro do banheiro do Centro de Educação Infanto-juvenil Shanduca, que ficou conhecido como “Escolinha da Tortura”, teve novos desdobramentos nos últimos dias. A Delegacia de Polícia Civil de Araucária, que trabalha em duas frentes de investigação, indiciou duas mulheres, a professora e a suposta pedagoga, por tortura e maus-tratos, no caso referente ao flagrante ocorrido no dia 7 de julho.

Paralelamente ao flagrante que trouxe à tona as barbaridades que aconteciam dentro da Shanduca, a Delegacia instaurou um segundo inquérito. É nesse procedimento que serão apuradas as novas denúncias que vem surgindo desde 7 de julho. Além do caso do garotinho autista, o Delegado Erineu Portes disse que recebeu outras cinco denúncias de pais de crianças que frequentavam a escolinha e que também teriam sido vítimas de tortura e maus-tratos.

A equipe de investigação segue ouvindo várias pessoas que estariam envolvidas com essa atrocidade, como também ex-professoras e ex-funcionárias. A proprietária e diretora da Shanduca, Daniela Zimermann, já foi interrogada e disse em depoimento que não tinha conhecimento das agressões contra as crianças “Ela negou tudo e declarou que nunca autorizou nada”, comentou o delegado.

Cronologia dos fatos

7 de julho – um garotinho autista nível 3 que não verbaliza, de apenas 4 anos, foi encontrado com os braços e a cintura amarrados à uma cadeira, no banheiro da Escolinha Shanduca. A professora responsável foi presa em flagrante pela Guarda Municipal. O Conselho Tutelar acompanhou o flagrante nesse dia.

7 de julho – diretora da Shanduca, Dani Zimermann, postou mensagem na rede social, se dirigindo principalmente às famílias dos alunos, declarando que na sua ausência, infelizmente houve um acontecido muito triste na escola o qual abominava com todas as suas forças! Disse ainda que estava tomando todas as providências cabíveis quanto ao ocorrido e as pessoas envolvidas.

8 de julho – um pai denunciou que sua filha também teria sido vítima de maus tratos enquanto estava aos cuidados da Escola Shanduca. Ele recebeu a imagem de uma pessoa que resolveu denunciar os abusos que teria visto enquanto trabalhou no local. O pai busca justiça e não deixará que a história caia no esquecimento. Nas imagens a criança aparece com as mãos amarradas e presa a uma cadeira.

8 de julho – Secretaria Municipal de Educação oficiou ao Conselho Municipal de Educação (CME), pedindo que fosse analisado em caráter de urgência a possibilidade de suspensão cautelar do funcionamento da instituição.

9 de julho – Direção do CME abre procedimento administrativo e convoca reunião extraordinária

9 de julho – a Justiça concedeu prisão domiciliar com uso de tornozeleira para a professora do menino autista. Ela tem apenas 18 anos e uma filha de quase dois anos. Atuava como assistente de sala de aula, e não tem ensino superior.

10 de julho – Conselho Municipal de Educação decide suspender a autorização de funcionamento da instituição, conforme ofício da SMED, assinado pela própria secretária de Educação, Tatiana Assuiti, já no dia seguinte as denúncias contra crianças. Um outro ofício, enviado ao CME pelo Conselho Tutelar Leste, comunicando sobre a grave violação de direitos de criança praticadas dentro da instituição, também corroborou com a decisão dos membros do Conselho de Educação.

Edição n.º 1474.