Escrever uma coluna semanal realmente não me parece tarefa fácil. É preciso escolher o assunto cuidadosamente e tratá-lo dentro do espaço previsto, com o menor número de erros que me for possível. Se o faço regularmente é porque sei que algumas pessoas irão gastar um pouco de seu tempo lendo o que escrevi e refletirão sobre as ideias que tentei expressar. A aceitação do enfoque dado ao tema, ou até mesmo a concordância com a escolha, é decisão totalmente particular e sempre será muito variada. Tentar ir além do lugar comum e buscar ver aquilo que nem sempre é visto, traduzindo-o em palavras que despertem a atenção para o tema escolhido, é o objetivo. Considero cada texto publicado um encontro com número incerto de pessoas, com referências e pontos de vistas diversos entre si. Tal encontro, que ocorre também em diversas outras formas e momentos de nossa existência, como na participação em reuniões, em eventos esportivos ou comemorativos de assuntos religiosos ou políticos, comprova que somos parte de um todo interligado. Assim entendido, o que ocorre de positivo ou de negativo no mundo está afeto a cada um de nós e nos diz respeito. Nessa fase de globalização em que vivemos, podemos interagir instantaneamente com muitos habitantes do planeta terra. Nunca as informações circularam com tanta rapidez, com tão gigantesco volume e abrangência em nossa história conhecida. É preciso uma análise adequada antes de aderir a uma ideia ou a um movimento, se pretendemos colaborar positivamente. Trata-se de uma análise que vai muito além do curtir e compartilhar automático das ditas redes sociais e dos discursos impensados que presenciamos diariamente. A grande maioria dos leitores, mesmo não os que não são cristãos ou até aqueles que se dizem agnósticos, acreditam que o bem predomina sobre o mal. Assim como eu, certamente tem dificuldade de entender situações tidas como banais pelo povo agrupado em multidões. São diversas as ocorrências que mostram ser preciso discordar do grito e do rumo seguido pela turba agitada. Os recentes linchamentos ocorridos no norte do país, realizados sobre a pretensa vontade de fazer justiça, demonstram que é preciso cautela antes de tomar a voz do povo como a expressão do Bem. O preconceito e a intolerância certamente são valores negativos, mesmo que muitos os adotem, de forma dissimulada ou aberta. É preciso ir além do chamado senso comum ou da voz da multidão agitada. A revista Superinteressante, em análise da questão que uso como título desta coluna, reproduziu algo que realmente me pareceu interessante: “A democratização excessiva do sistema leva os políticos a procurar agradar aos eleitores a qualquer preço, vivendo no pânico obsessivo dos falsos passos que possam precipitar a sua queda.”
(Fareed Zacharia, no livro O Futuro da Liberdade). Buscar a informação verdadeira, sempre selecionando aquilo que é realmente útil e construtivo, é tarefa constante dos que acreditam no Bem e em um mundo cada vez melhor. Inclusive para decidir adequadamente sobre os políticos em quem votaremos. Escrever uma coluna semanal não é uma tarefa fácil mesmo, mas ajuda na constante e necessária reflexão. Ler e escrever são ações fundamentais que, somadas com as diferentes formas de interação social, propiciam que a humanidade evolua cada vez mais. Nem sempre aquilo que a maioria está dizendo representa a expressão do Bem, particularmente quando a suposta verdade apresentada é acompanhada de muita gritaria e barulho.