A blitz realizada pelo Departamento de Trânsito da Prefeitura e a Guarda Municipal, no sábado, 16 de janeiro, no intuito de coibir motociclistas com documentação irregular e com o escapamento de motos alterados, acabou gerando um constrangimento entre a classe dos motoboys. Muitos alegaram que estavam com tudo em dia e trabalhando, e acabaram atrasando as entregas por conta da fiscalização. Tudo porque, segundo eles, muitos motociclistas insistem em adulterar os escapamentos, e acabam prejudicando todos os demais.
O mecânico de motos, Márcio dos Santos, que há 20 anos também atua como motoboy, comenta que a adulteração dos escapamentos acaba gerando apenas confusão e quase nenhum benefício com relação ao desempenho da moto. “Muitos desses escapamentos são comprados em lojas específicas, os chamados esportivos, que são vendidos de forma regularizada, porém, alguns motociclistas compram escapamento normal e fazem a adulteração caseira, o que é ilegal”, explica. Márcio ressalta que a justificativa dada por muitos colegas de profissão que adotam essa prática, é de que a moto é silenciosa e com o escapamento aberto o condutor tem a possibilidade de fazer barulho e ser visto pelos motoristas, evitando ser fechado no trânsito e se envolver em um acidente. “Na verdade, o objetivo maior é fazer barulho mesmo. Por isso, acredito que as fiscalizações são importantes, mas deveriam focar também nos comércios que vendem escapamentos modificados”, opinou.
O responsável pela associação dos motoboys ADMA, José Mizael Moletta explicou que a questão do escapamento aberto influencia no desenvolvimento da motocicleta, desde que seja no padrão esportivo, conforme as regras exigidas para vendas no mercado de acessórios. Porém existem os chamados improvisados, que estão fora do padrão exigido pelo Inmetro e outros órgãos reguladores de ruídos e de qualidade, e são usados de forma irregular por alguns motociclistas. “Por conta disso, os demais profissionais que preferem andar corretamente, acabam sendo prejudicados”, pontuou.
Segundo ele, o departamento de trânsito, a GM e a Polícia Militar não possuem equipamentos adequados para medir os decibéis dos escapamentos e o que se vê são fiscalizações em cima de denúncias. “Eles acabam multando e apreendendo as motos geralmente pela adulteração do escapamento original pelo esportivo. O fato é que toda a classe tem sido bastante afetada, porque nem todos têm a noção da importância de fazer as coisas certas, de seguir as regras de trânsito”, lamentou.
Os administradores da associação PPA – Profissão Perigo de Araucária, também se manifestaram a respeito da blitz. Eles explicaram que as motos de todos os seus associados estão em dia e ninguém teve prejuízos com a fiscalização. “Os motociclistas que andam em desacordo com as leis de trânsito acabam queimando a imagem dos demais, foi por isso que montamos a cooperativa, para tentar regularizar a situação de todos. Nossa classe está sempre em busca de melhorias, o problema é que tem muitos por aí só incomodando, infelizmente, porque as pessoas generalizaram e má fama recai sobre todos os motoboys. Não somos contra as fiscalizações, pelo contrário, elas devem acontecer, mas creio que também deveriam focar no grande número de motoristas que circulam em Araucária sem a CNH, o que acaba prejudicando o trânsito em geral”, salienta.
Segundo os entrevistados, no final das contas, os motoboys que gostam de andar por aí fazendo barulho com seus escapamentos adulterados, chamando a atenção de todos e incomodando moradores, principalmente no período da noite, e que são chamados ironicamente de “jecaboys”, acabam denegrindo a imagem dos demais.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1245 – 21/01/2021