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A denúncia é importante para frear os casos de violência contra crianças e adolescentes. Foto: divulgação
Violência doméstica gera impacto negativo no desenvolvimento da criança
Foto: divulgação

Mesmo não sendo alvo direto das violências, as crianças acabam envolvidas nos conflitos dos pais. Muitas vezes são colocadas em risco, ao intervir nas discussões e até mesmo nas agressões. As crianças passam por situações extremas de stress psicológico, pois são colocadas em circunstância de escolha entre os genitores, e muitas vezes como culpadas pelos conflitos dos adultos.

“As crianças guardam na memória as violências presenciadas. Algumas conseguem pedir ajuda para as pessoas que confiam, outras assumem o papel de cuidar dos adultos. A criança não quer sair de perto da mãe para que o pai não a agrida novamente. A criança não consegue dormir por medo da violência, outras são obrigadas a dormir, como forma de não ver a violência que logo acontecerá. O medo passa a fazer parte da vida da criança, que diminui significativamente seu rendimento em vários aspectos”, avalia a conselheira tutelar Patrícia Soares.

Ela diz ainda que as violências entre casais incidem diretamente no desenvolvimento dos filhos. E as crianças e os adolescentes tendem a repetir o modelo dos pais. Meninas absorvem o padrão da mulher vítima de violência e os meninos o padrão do homem violento, o que os pesquisadores chamam de violência transgeracional. “Quando atendemos situação de violências, como forma de pedir ajuda as crianças prontamente relatam o que ocorre em casa: o pai que tentou matar a mãe enforcada, o pai que trancou a mãe em casa para ela não trabalhar, o pai que quebrou o braço da mãe. ‘O pai bebe todo dia e a gente vai dormir 7horas da noite pra não ver ele chegar e brigar com ela’, relatou uma das crianças. Então nos atendimentos que realizamos, quando identificamos situação de violência contra mulher, imediatamente elas são encaminhadas para intervenção do CRAM, a fim de que sejam orientadas sobre seus direitos e também sejam fortalecidas para sair do relacionamento violento, cuidar de si e cuidar dos seus”, observa Patrícia.

A conselheira reforça também que na maioria das vezes onde tem mulher vítima de violência, tem criança em situação de risco e várias situações são encobertas pelas próprias vítimas, pelo fato de serem dependentes do agressor. Dependentes financeiramente, emocionalmente, ou tem medo do julgamento da família, entre outros. Muitas mulheres não conseguem buscar ajuda sozinhas, por isso é importante estar atento e denunciar.

“Considerando o Art 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, onde assegura que toda criança e adolescente tem direito ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade, quando os adultos insistem em permanecer em um relacionamento violento colocando em risco a integridade física e psicológica dos filhos, esses estão violando os direitos das crianças e dos adolescentes e podem ser responsabilizados por isso”, conclui.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1284 – 21/10/2021

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