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A Operação Lava Jato e seus desdobramentos ocupam lugar de destaque permanente no noticiário nacional dos últimos tempos. Os desvios descobertos e os valores roubados já devolvidos atingem cifras inéditas e somam-se ao impacto causado pelo significativo número de prisões, condenações, operações de busca e coleta de provas que foram realizadas. Entre os presos com mandado de prisão temporária e preventiva, ou já condenados pela Justiça, encontramos representantes das maiores empreiteiras de obras do país, banqueiros, políticos, lobistas e muitas outras pessoas que sempre foram incensadas pelo colunismo social. Agora, em proporção também inédita, respondem por atos criminosos que teriam praticado. A cada dia surgem novas áreas implicadas nos desvios de recursos públicos e mais pessoas tornam-se suspeitas ou são formalmente acusadas de crimes. Há, no entanto, algo de muito positivo em meio a tantas denúncias e suspeitas de crimes: a apuração das responsabilidades está ocorrendo. As investigações precisam continuar e a sociedade não pode ser tapeada por respostas como aquela fornecida por um ilustre acusado de manter conta na Suí­ça, conforme documentos remetidos pelo Ministério Público daquele país. Ele simplesmente disse não ser o dono do dinheiro e sim usufrutuário do mesmo. Sempre entendi que o dinheiro é um símbolo, uma abstração criada pelos governos para a realização das transações comerciais modernas. Formou-se um nó na minha cabeça ao ver que a desculpa parecia ter sido aceita e ficaria por isso mesmo. Somente após o STF ter autorizado busca e apreensão na casa do autodenominado usufrutuário do dinheiro pretensamente desviado é que recuperei minha convicção de que o país segue no rumo do aperfeiçoamento. Boa parte das figuras hoje acusadas atua nas obras públicas e na política desde os tempos da ditadura militar e custa-me crer que apenas agora começaram a infringir a lei. Portanto, não existe apenas um grupo de suspeitos e, mesmo que o momento seja enervante, deve persistir a esperança de que seremos um país melhor no futuro. É muito difícil acreditar que empresas e lobistas dêem dinheiro originário de corrupção para alguns políticos, enquanto guardam uma porção limpinha para outros tantos. As investigações precisam avançar, doa a quem doer. Nossas instituições são fortes e os brasileiros vencerão mais esta crise, aperfeiçoando a escolha de nossos representantes e das pessoas que adotamos como modelos e ídolos.

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