A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) confirmou nesta segunda-feira, 19 de julho, que Araucária é uma das nove cidades paranaenses com casos confirmados da variante Delta da Covid-19.
Essa cepa da doença é considerada um dos principais motivos do agravamento recente da pandemia da Covid em países onde a vacinação de sua população já estava em níveis avançados.
De acordo com a SESA, o caso confirmado da variante Delta registrado em Araucária é de um homem de 78 anos que veio a óbito em 30 de junho. Ele estava internado no Hospital Municipal de Araucária (HMA). Morador do bairro Capela Velha, o idoso foi diagnosticado com o novo coronavírus sete dias antes de vir a óbito em atendimento realizado no Pronto Atendimento Covid da cidade.
Para confirmar que a cepa de Covid que matou o araucariense era mesmo o da chamada variante Delta o material recolhido do idoso no CECC passou por um sequenciamento genômico realizado pelo Laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Já são nove cidades com casos: Araucária, Curitiba, Apucarana, Francisco Beltrão, Rolândia, Mandaguari, São José dos Pinhais, Piên e Piraquara. Apesar do cenário ascendente de casos dessa variante, sua transmissão ainda não é considerada comunitária pela SESA.
Segundo técnicos da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde e da SESA, a avaliação sobre o cenário da transmissão da variante Delta no Paraná é permanente. “O Paraná está atento à transmissão da variante, considerada de atenção, desde os primeiros casos. Acompanhamos a investigação da rede de contatos dos casos confirmados. Existe uma investigação ampliada há dez dias com a participação de equipes do Ministério da Saúde, do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde (EpiSUS), que estão pesquisando minuciosamente a rede de contatos dos casos secundários a até terciários dos confirmados”, explicou o secretário de Estado da Saúde do Paraná, Beto Preto.
Delta
De acordo com a Fiocruz, a variante Delta é um subtipo da linhagem viral B.1.617, que emergiu na Índia em outubro de 2020. Em maio deste ano, após ser associada ao agravamento da pandemia na Índia e no Reino Unido, a cepa foi declarada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a OMS, a variante circula em pelo menos 85 países do mundo. Além disso, nove nações sequenciaram vírus da linhagem B.1.617, sem realizar a identificação da sublinhagem viral.
No Brasil, infecções causadas pela variante Delta foram diagnosticadas em viajantes no Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Goiás, segundo o Ministério da Saúde. No dia 19 de junho, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia confirmou o primeiro registro de transmissão local da cepa.
Assim como outras variantes de preocupação, a Delta possui mutações na região do genoma responsável por orientar a produção da proteína espícula do novo coronavírus – também chamada de proteína S ou Spike, na nomenclatura em inglês. Essa molécula, que se localiza na superfície da membrana viral, compondo a coroa do vírus, é responsável pela primeira etapa do processo de infecção: a adesão do vírus às células. Por isso mesmo, é o alvo dos anticorpos mais potentes produzidos pelo organismo para neutralizar o Sars-CoV-2.
Segundo os cientistas, mutações na proteína S podem ser positivas para o vírus de duas formas. De um lado, aumentando sua capacidade de adesão aos receptores presentes células do hospedeiro, o que leva à maior transmissibilidade do patógeno. De outro, modificando a região da proteína S onde se ligam os anticorpos, permitindo, assim, que o vírus escape do sistema imune.
As análises do novo estudo mostram que a afinidade da variante Delta pelos receptores celulares é maior do que a observada nas linhagens que circularam no começo da pandemia. No entanto, é inferior à verificada com as outras variantes de preocupação. Por outro lado, a variante originária da Índia apresenta um perfil antigênico bastante divergente em relação aos outros vírus estudados.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram a ação de 113 soros, obtidos a partir de pacientes infectados e imunizados, sobre seis cepas do novo coronavírus. São elas: uma linhagem próxima do vírus inicialmente detectado em Wuhan, na China, no começo da pandemia; as variantes de preocupação Alfa, Beta, Gama e Delta; e a variante de interesse kapa, que é intimamente relacionada à variante delta, sendo também um subtipo da linhagem B.1.617.