Badeeh Shahound Tanous, o seu Badeeh, 90 anos (segundo os documentos), faleceu na madrugada desta segunda-feira, 18 de dezembro, deixando a cidade de Araucária órfã de uma de suas figuras mais ilustres. Muita gente deve lembrar da lanchonete que tinha o seu nome, que depois virou restaurante, sendo considerado um ponto de parada obrigatório na Praça Dr Vicente Machado.
Seu Badeeh, sempre de terno e muito elegante, recebia os clientes, caminhava na praça que tanto amava, e conversava com todo mundo.
Seu Badeeh veio da Síria para o Brasil ainda muito jovem, pois não queria continuar servindo ao exército no seu país, que estava em crise por conta da guerra. Seu pai então lhe deu dois anéis de ouro para que começasse a vida em outro país. Ao chegar no porto de Santos seguiu para Curitiba, onde foi recebido por um familiar que morava no centro de Curitiba e tinha loja de roupas. Esse era casado com uma mulher do interior de Guajuvira, foi assim que mais tarde Seu Badeeh soube da existência de Araucária.
O primo então lhe hospedou em uma pensão e disse que ele deveria começar a vender roupas de porta em porta, como mascate. Não vendeu nada na primeira semana e ainda recebeu xingamentos de algumas pessoas devido ao seu sotaque de turco.
Após permanecer em Curitiba por 40 dias, ele foi para Santa Catarina, onde trabalhou em várias cidades. Anos depois, na cidade de Timbó, conheceu a família da sua futura esposa, Irma Mastelot Tanous, que o hospedava sempre que ele ia para a cidade. Mais tarde, eles casaram e tiveram três filhos, Jorge, Suehd e Jorget.
Antes de se estabelecer em Araucária a família morou em Itajaí e Curitiba. Em 1977 a cunhada sugeriu que eles viessem para cá, pois com a chegada da Petrobras, a cidade iria prosperar. O comerciante montou sua primeira loja de roupas na cidade, a JS Confecção, em homenagem aos dois filhos, num imóvel alugado na subida da praça. Depois, mudou para um outro prédio próximo e ficou por 12 anos no imóvel alugado.
Badeeh conseguiu juntar dinheiro e comprou o imóvel, de esquina onde até hoje mora a família, em frente à banca da Aracy, na praça da Igreja Matriz. Ali ele começou a construir um sobrado, mas logo a crise chegou, e ele teve que vender a loja, para pagar a dívida e terminar a obra. Com a conclusão do imóvel, resolveu abrir um restaurante de comida caseira, que ficou conhecido como Bar do Badeeh.
Durante 28 anos trabalhou com o restaurante, e em 2018, convencido pelos filhos, ele fechou o local e passou alugar as salas, passando a viver com à renda.
Consternados, familiares e amigos lamentaram a partida do Seu Badeeh. O velório está previsto para começar a partir das 16h30, na Capela do Cemitério Central, e seu sepultamento acontece nesta terça-feira (19), às 9h, no Cemitério Jardim Independência.