A flexibilização nas medidas de isolamento e distanciamento social e o relaxamento da população na prevenção diária ao novo coronavírus foram cruciais para que os casos da doença voltassem a crescer consideravelmente em Araucária.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que apenas nos últimos sete dias a cidade teve 733 novos casos da doença. Na quarta-feira, 18 de novembro, o número total de casos era de 6.136 positivados. Ontem (25), exatamente sete dias depois, esse número de 6.869.
Ainda conforme a SMSA, do total de contaminados desde o início da pandemia, 1.596 ainda seguem em tratamento. Ou seja, praticamente 25% de todos os positivados desde meados de março, quando os relatórios passaram a ser divulgados, estão oficialmente em tratamento atualmente.
Profissionais de saúde ouvidos pelo O Popular são unânimes em afirmar que, infelizmente, houve certo relaxamento da população nas medidas de prevenção ao novo coronavírus, principalmente com relação ao fato de não respeitar as regras de distanciamento social e a recomendação de se evitar aglomerações.
Em Araucária, por exemplo, há um decreto em vigência, o de nº 34.913/20, que estabelece regras de prevenção e enfrentamento à Covid-19. Esse regramento, assim como em outras cidades de todo o país, é bem mais flexível do que aqueles que estavam valendo quando do início da pandemia.
Essa flexibilização, no entanto, não significa um libera geral, como se tem visto em vários pontos da cidade. O relaxamento é tanto que até aquelas medidas mais difundidas, como o uso de máscara, é desrespeitada pelas pessoas.
Um sinal claro de que o momento é delicado é o fluxo de pessoas que têm procurado o Pronto Atendimento Covid-19, instalado no antigo prédio do NIS. Segundo a coordenação do local, diariamente uma média de duzentos pacientes têm procurado o local relatando síndromes gripais. O pico desta procura aconteceu na quarta-feira da semana passada quando o PA chegou a atender algo em torno de 300 pessoas. Embora a maioria das consultas seja de casos tidos como leves, muitos deles sequer confirmados como sendo do novo coronavírus, passou a ser rotina no PA Covid a necessidade de pessoas serem entubadas ou carecem de transferências urgentes para os hospitais de referência da região.
Apesar do cenário mais delicado, ainda não haveria intenção do poder público de arrochar as medidas restritivas hoje vigentes. Isto porque o entendimento é de que as aglomerações não têm sido registradas necessariamente em espaços facilmente fiscalizáveis e sim em grupos menores, como famílias. Tanto é que a contaminação entre pessoas do mesmo núcleo familiar é hoje uma das principais causas do avanço da Covid na cidade.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1240 – 26/11/2020