Ex-CC diz que trabalhava feito escravo na Câmara

Foto: arquivo O Popular
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Como a empregadora do CC era a Câmara sobrou para ela o pepino
Como a empregadora do CC era a Câmara sobrou para ela o pepino

A Câmara de Vereadores está sendo processada por um ex-cargo em comissão da Casa, que alega ter traba­lhado praticamente como escravo quando assessorava o ex-vereador Irineu Cantador (PTB). Na ação, o ex-comissionado alega que fazia as vezes de motorista do então vereador, sendo obrigado a transportar Irineu, outros assessores e eleitores durante todo o dia, inclusive nos finais de semana, fazendo diversas viagens para várias cidades.

A ação contra a Câmara foi proposta em novembro de 2013, mas o cargo em comissão alega que trabalhou na Câmara como assessor parlamentar em três ocasiões distintas: de janeiro de 2001 a outubro de 2005, de março de 2006 a dezembro de 2008 e de março de 2009 a dezembro de 2010. Considerando que neste último período Irineu não era mais vereador, o mais provável é que o tal assessor tenha trabalhado no gabinete de Ismael Cantador (PTB), irmão de Irineu.

O processo tramita na 1ª Vara Cível de Araucária e só a petição inicial tem 26 páginas. Nossa redação irá omitir o nome do ex-comissionado, o tratando apenas pelas iniciais de seu nome, M.D.L. Faremos isto, pois há relatos no processo de que, por causa do trabalho na Câmara, ele teria caído em depressão profunda e atentado contra a própria vida. Na ação, o ex-CC pede que a Câmara seja condenada por danos morais, além de lucros cessantes na soma de R$ 86 mil, e que M.D.L passe a receber do Poder Legislativo pensão vitalícia no valor de R$ 5.921,89.

Trabalho escravo

Conforme relatado por M.D.L, seu trabalho na Câmara era análogo ao da escravidão, já que era obrigado a ficar à disposição de Irineu a qualquer hora do dia e da noite. Ele relata ainda que era praticamente um faz tudo do ex-vereador, tendo que levar e protocolar documentos, realizar compras, ir ao banco e assim por diante. M.D.L relata ainda que, predominantemente realizava viagens por ordem de Irineu para levar eleitores para velórios e funerais em outras cidade e lá precisava permanecer até o sepultamento para trazer os passageiros de volta. “Houve situações em que o autor estava retornando de um velório da cidade de São Paulo, e quando já estava se aproximando de Curitiba, recebeu uma ligação da Câmara dos Vereadores, do Sr. Irineu, informando que assim que o mesmo chegasse teria que retornar para São Paulo, pois tinha outros eleitores que necessitavam viajar para lá”, conta,
Outra tarefa que geraria bastante angústia no ex-CC era o fato de ter que acompanhar eleitores em reconhecimento de corpos junto ao Instituto Médico Legal (IML). Ainda na ação, ele alega que todos os seus pro­blemas de saúde decorreram exclusivamente do excesso de trabalho que era obrigado a reali­zar na Câmara e da tortura psicológica que sofria por parte de Irineu, que destinava a ele sempre as piores tarefas, que tinham relação direta com a morte de parentes de eleitores.

Assessor afirma que tinha que ficar à disposição de Irineu e seus familiares
Assessor afirma que tinha que ficar à disposição de Irineu e seus familiares

Ele ainda diz que sofria tortura psicológica do ex-vereador
Ele ainda diz que sofria tortura psicológica do ex-vereador

Surpreso

Questionado por nossa reportagem sobre o relatado por M.D.L, Irineu disse que desco­nhecia a ação, mas que estava surpreso com os argumentos do autor. Segundo ele, de fato, o trabalho de assessor parlamentar não tinha muito horário para ser realizado, mas que sempre era garantido momentos de descanso para todos que trabalhavam com ele. Irineu disse ainda que sempre teve um bom relacionamento com o ex-CC e que sempre procurou ajudá-lo quando teve seus problemas de saúde.

Embora tenha sido proposta em novembro de 2013, só em junho passado é que a Câmara foi citada da ação, não tendo se encerrado ainda o prazo para que ela conteste os argumentos de M.D.L.

Texto: Waldiclei Barboza / FOTO: EVERSON SANTOS

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