Nas primeiras semanas de alta médica, após passar 70 dias internada por complicações causadas pela Covid-19, a rotina da projetista araucariense Rosane Weber, 45 anos, tem sido de superação e aprendizado. Voltar a andar, ter autonomia, ficar livre de tantos medicamentos e tratamentos intensos, para retomar a vida que tinha antes, fazem parte do seu novo projeto de vida. Foram 55 dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais 15 dias em leito hospitalar.
Rosane, que mora na área rural de Boa Vista, foi a última paciente internada no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, e também última de Curitiba e região metropolitana, com quadro grave de Covid, a ter alta, no dia 19 de abril. Por ser transplantada do rim há 10 anos, a araucariense faz parte do grupo de imunossuprimidos, e isso fez com que tivesse mais complicações causadas pelo vírus. Quando positivou para Covid, ela recebeu os primeiros cuidados em casa, e em determinado momento precisou ir ao hospital. Achou que seria apenas uma consulta breve, porém recebeu a notícia de que já estava com 90% do pulmão comprometido e o rim estava paralisado. Ela foi imediatamente encaminhada para a UTI. O diagnóstico deixou a família em estado de choque.
“Minha irmâ tomou as três doses da vacina contra a Covid e sempre seguiu todos os cuidados para não se contaminar, pois sabia da sua condição fragilizada por ser transplantada. Os médicos diziam que seu quadro era muito grave e por várias vezes pensamos que iríamos perdê-la. Mas ela nos deu um exemplo de superação, enfrentou tudo isso e voltou para a família. Hoje minha irmã está em um processo lento de recuperação, ainda não anda, faz fisioterapia e fonoaudiologia e sessões de hemodiálise três vezes por semana, além de vários outros cuidados. Devido à Covid, ela também perdeu o rim e poderá precisar de um novo transplante, mas temos fé e esperança de que o órgão volte a funcionar”, comentou a irmã Fernanda Weber.
Segundo ela, nem durante os piores momentos que antecederam ao transplante ou mesmo a cirurgia da Rosane, eles viveram uma experiência tão sofrida e traumatizante. “Receber a notícia de que ela iria pra UTI e seria entubada foi difícil demais para todos nós. Sofríamos mais a cada boletim médico que recebíamos. O dia em que ela foi extubada e a levaram até o jardim do hospital e pode colocar os pés na grama, foi uma emoção muito grande, um fôlego de vida”, festejou a irmã.
Para os médicos do Hospital Marcelino Champagnat, a alta da projetista também foi bastante comemorada e, segundo afirmaram, este momento ficará marcado para sempre.
Texto: Maurenn Bernardo