Ficar mais tempo em casa neste período de quarentena de coronavírus tem feito muita gente mudar de hábitos e criar novas maneiras de gerar renda ou até mesmo buscar uma atividade diferente, até mesmo como terapia. Nesse contexto, o artesanato, em suas diferentes formas, como crochê, tricô, pintura em tela, costura criativa, Patchwork, trabalhos em EVA, passou a conquistar um público cada vez maior, das mais diferentes idades. E os iniciantes na arte de tecer, costurar ou pintar, têm surpreendido com sua criatividade e produtividade.
A personal trainer Melany (Mel) Caroline Machado teve que fechar temporariamente seu Studio, por conta da pandemia. Continuou com as aulas online, mas o movimento caiu bastante, o que a fez ter mais tempo para exercer outra atividade. E foi pelo crochê com fios de malha (feitos a partir de sobras da indústria têxtil) que ela se apaixonou. “Minha cunhada me ensinou os pontos básicos, assisti vídeos tutoriais e comecei a tecer alguns tapetes para uso próprio. No dia das mães fiz chaveiros com corações de crochê, personalizados, e as alunas do Studio ficaram encantadas, pedindo se eu fazia para vender, e isso me incentivou a transformar o crochê em uma renda extra. Fui me aperfeiçoando cada vez mais, fiz novos trabalhos como cachepôs, cestos e outros itens, divulguei em grupos de whatsapp. Se não os vendesse, ficaria com tudo pra mim. As encomendas começaram a aparecer, e foram muitas. Hoje tenho tantos pedidos, que alguns tem prazo de entrega para setembro”, comemora. Os trabalhos da Mel têm feito tanto sucesso que ela criou uma página no Instagram @amor_emcrochet. Ela também já fez lives incentivando outras pessoas a aprenderem o crochê e criou um projeto de consultoria sobre a arte.
Elaine Cristina Eduardo da Silva, que sempre trabalhou em comércio, ficou desempregada durante a pandemia. Ela já sabia fazer crochê, mas era apenas como hobby. Então decidiu investir em outras formas de artesanato para ter uma renda. Assistindo vídeos com várias técnicas de artesanato no youtube, aprendeu a fazer itens de biscuit e de argila. “Os vasos comecei em uma brincadeira, comprei argila pra fazer uma fonte de conchinha e com a sobra decidi fazer um Grott e ficou bem bacana”, explica. Mas Elaine não se deu por satisfeita e quis aprender mais uma forma de artesanato, desta vez com EVA. “Ganhei uma boneca em EVA de um amigo, e várias pessoas que viam me perguntavam se eu sabia de alguém que fazia, e pensei: por que não? Fiz minha primeira boneca, e muitas vieram depois. Hoje faço bonecas para porta papel higiênico, porta vasos, porta canetas, relógios. Tão logo comecei a divulgar meus trabalhos, os elogios e as encomendas vieram e hoje a procura é grande”, festeja. A artesã divulga sua arte no Instagram @elainecristinaeduardo e na página do Facebook “Artesanatos da tia Tutty”.
Bom pra todos
Se de um lado estão as pessoas investindo no artesanato e gerando renda durante a pandemia, do outro estão, as lojas de aviamentos (armarinhos) que viram o movimento triplicar nessa pandemia. Primeiro foi a busca desenfreada por materiais usados na confecção de máscaras, entre tecidos, elásticos, linhas e agulhas, e logo cresceu a procura por artigos de artesanatos.
Na Armarinhos Tricofil, que possui duas lojas na cidade, a proprietária Márcia Aparecida Jess disse que as vendas praticamente triplicaram. “Mesmo nos dias em que o atendimento presencial estava suspenso por conta de decretos, as vendas pelo whatsapp, com entregas em domicílio ou pelos Correios, surpreenderam. Pessoas que nunca fizeram trabalhos artesanais começaram a fazê-lo como fonte de renda ou terapia, e muitas que já faziam decidiram aumentar a produção para compor a renda da família. A busca por tecidos e elásticos para a confecção de máscaras também estourou. Foi difícil conseguir atender a todos, porque muitos produtos também começaram a faltar e os fornecedores não tinham mais, já que a procura por esses artigos cresceu no país todo. Outra grande surpresa foi a procura por fios de crochê, principalmente os fios de malha e as bases para confecção de cachepôs, bolsas e cestos, que estão bem na moda. Também estamos vendendo bem os materiais de pintura para trabalhos artesanais com crianças, massinhas de biscuit, tintas para tecido e à base d’água, telas, lãs, que no inverno já costumam ter uma procura maior, enfim, todos os tipos de materiais utilizados em artesanatos seguem com bastante procura”, conta Márcia. Os endereços das lojas são Avenida Archelau de Almeida Torres, 876, e Rua Coronel João Antônio Xavier, 876, ambas no Centro da cidade.
A proprietária da Zolla Armarinhos, Raquicele Damaceno, também destacou o crescimento surpreendente nas vendas nesse período de pandemia. “As pessoas que ficaram sem emprego acabaram encontrando no artesanato uma nova fonte de renda. E mesmo aquelas que foram obrigadas a ficar em casa em isolamento, também viram no artesanato uma forma de distração. Com isso, temos tido um grande movimento aqui na loja, com destaque para a venda de fios para crochê, principalmente os fios de malha, que estão em alta. Muitos optaram ainda pelo tricô, patchwork, costura criativa e outras formas de artesanato”, pontuou Raquicele. A loja da Zolla fica na Rua Fernando Suckow, 57, Centro.
Texto: Maurenn Bernardo
Foto: divulgação
Publicado na edição 1224 – 06/08/2020