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Caminho da Fé: Casal de Araucária conta o que viveu e aprendeu ao pedalar rumo a Aparecida

Caminho da Fé Casal de Araucária conta o que viveu e aprendeu ao pedalar rumo a Aparecida
Caminho da Fé Casal de Araucária conta o que viveu e aprendeu ao pedalar rumo a Aparecida

Uma experiência única de fé, de superação, de desafio emocional e físico, de generosidade, de autoconhecimento e de contemplação de lindas paisagens. Foi essa mistura de sensações e sentimentos que o casal araucariense Sandro e Tânia Ciulik sentiram ao percorrerem de bicicleta o Caminho da Fé, famoso trajeto de peregrinação brasileiro, inspirado no Caminho de Santiago de Compostela.

O Caminho da Fé soma 300km, mas o casal pedalou 170km, em pouco mais de três dias. Eles saíram de Araucária na noite de segunda-feira (21/11), sentido Águas da Prata (SP), ponto de partida da peregrinação. Iniciaram o pedal na quarta- (23), em direção a Borda da Mata, um trajeto de 105km de muitas subidas duras, somando quase 3mil metros de altimetria acumulada. “Neste dia choveu a noite toda, só parou pela manhã, tinha muito barro na estrada, o que dificultou bastante, porque o equipamento começou a dar problemas, nos obrigando a parar muitas vezes para nos livrar do barro. Caía a corrente, entortava o câmbio e tivemos que lavar a bike em poças de água. Quando chegamos em Andradas, pudemos lavar bem as nossas bikes. Apesar das dificuldades, ficamos admirados com a paisagem, a região é linda, tem muitas serras, atravessamos fazendas de café, foi algo deslumbrante”, relata Tânia. Na noite deste mesmo dia, o casal chegou em uma pousada, na Borda da Mata (MG).

No segundo dia (24) iniciaram o pedal com destino a Brasópolis (MG), sabendo que teriam que enfrentar subidas duras. “Pegamos chuva e isso acabou nos atrasando novamente. Fizemos a metade do percurso, paramos em Consolação. Até esse ponto, as subidas e descidas eram intermináveis, tivemos que trocar as pastilhas de freio das bikes. No trajeto, paramos na famosa Porteira do Céu, um lugar muito alto, com muita inclinação, até o oxigênio parecia não entrar nos pulmões”, brincou a araucariense.

Segundo ela, o caminho também se torna deslumbrante com as várias Capelinhas, onde o peregrino encontra água, algumas possuem banheiro e nelas também é emitido o carimbo da carteira credencial do Caminho da Fé. “No terceiro dia (25) eu não acordei bem, tive uma intoxicação alimentar, passei mal, não consegui comer e isso me enfraqueceu. O nervosismo começou a pegar, pois tínhamos dia certo para voltar de Aparecida, acompanhávamos a excursão de um pessoal de Araucária, que iria nos trazer de volta. Já tinham se passado algumas horas, tentamos andar mais alguns quilômetros, porém comecei a passar mal e precisamos parar em uma pousada no pé da Serra da Luminosa, que seria a última serra que teríamos que atravessar e também a mais temida pelos peregrinos. Nesse ponto decidimos, por segurança, terminar o trajeto de carro. Fomos com pessoas da região que socorrem os peregrinos, tipo Uber. Como teríamos que passar pela região de Pedrinhas, meio deserta e de mata, sem recursos, tivemos medo de piorar ainda mais as condições em que eu me encontrava. Na hora fiquei muito triste por ter que cortar o caminho, a intenção seria finalizar, mas como não tínhamos tempo por conta da passagem de volta, nos obrigamos a tomar essa decisão. Tomei algumas medicações e seguimos a viagem de carro. Chegamos em Aparecida com chuva, mas eu já estava um pouco melhor. Pegamos nossas bicicletas e seguimos até a Igreja para finalizarmos nosso caminho. Foi uma chuva de lavar a alma, muito emocionante para nós”, comentou Tânia.

Para o casal, chegar ao destino mesmo em meio a tantas dificuldades, foi uma grande superação. “De uma forma ou de outra nós conseguimos chegar. Com mochilas nas costas, cansaço, mal estar, calor, chuva, foram várias condições adversas que enfrentamos. Ainda assim, foi uma viagem memorável e no final conseguimos nosso certificado, emitido pelo Santuário de Aparecida, por termos completado mais da metade da viagem. Agora vamos nos programar melhor pra ir no ano que vem novamente e concluir todo o caminho. Vale muito a pena e acho que cada um que faz esta peregrinação tem seu modo de vivê-la, é um caminho de reflexão e autoconhecimento, voltamos de lá renovados. No caminho você vai lendo as mensagens das plaquinhas e parece que aquilo vai falando com você, é algo maravilhoso. As paisagens são magníficas, as pessoas que você não conhece e que te ajudam, te contam histórias de vida. Tudo isso nos faz perceber o quanto temos que ser gratos pelas nossas vidas. Também foi a primeira vez que ficamos longe do nosso filho por tantos dias, a saudade apertava no caminho. Em Aparecida ele e minha mãe nos aguardavam e foi emocionante reencontrá-los”, declarou Tânia.

O casal fez um agradecimento ao atleta Maicon Sulivan, proprietário da Top Brands Suplementos, que forneceu apoio com suplementação e também a Super Bike. Agradecemos ainda a nossa família, que cuidou do nosso filho todos esses dias”.

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