Nos últimos dias foram várias as postagens em Araucária acerca de um veículo branco, do tipo furgão, que estaria – vejam só – roubando crianças.

O relato foi feito originalmente no status de uma pessoa não identificada e, na esteira do medo causado em pais e mães pelo sequestro de uma criança em Curitiba na última semana, rapidamente se tornou uma postagem viral em nossa cidade.

A história do veículo branco ganhou elementos típicos de um caso de desinformação. Foi compartilhado sem checagem e, aos poucos, cada um que a recebia incluía seus próprios detalhes ao boato e, na sequência, passava o boato pra frente.

Assim, o veículo branco logo virou uma van, kombi, sprinter, doblô, ducato e assim por diante. Da mesma forma, o modus operandi da abordagem também mudou. Para uns tratava-se de um casal que atraia as crianças com a promessa de um corte de cabelo. Outros relatavam que eram mais de duas pessoas prometendo presentes, que estavam dentro do furgão. E esses são apenas dois exemplos de customização desta desinformação.

A rapidez do compartilhamento dessa estória fez com que nos últimos dias todo proprietário de um carro branco do tipo furgão que circulou por Araucária fosse olhado com desconfiança. E isso é muito perigoso. Afinal, casos de histeria coletiva já fizeram algumas vítimas no Brasil. Um exemplo clássico é o da moradora do Guarujá/SP espancada até a morte em 2014 após ter sido confundida com uma sequestradora de crianças.

E é em razão do perigo que esse tipo de postagem causa que precisamos sempre colocar o nosso desconfiômetro para funcionar! Jamais, em hipótese alguma, compartilhe um caso desse sem checar, seja pesquisando em órgãos de imprensa confiáveis se aquilo tem algum tipo de lastro ou mesmo procurando as autoridades públicas responsáveis.

Da mesma forma, é preciso que as autoridades e pessoas públicas, sejam elas lideranças políticas ou mesmo influencers exercitem a sensatez antes de falar ou postar qualquer coisa com potencial de disseminar o que no meio especializado é conhecido como “doença psicogênica de massa”.

Então, tenhamos muito cuidado! Pois, a verdade desse caso do veículo sequestrador de crianças é que nenhum órgão policial araucariense recebeu uma única denúncia formal que chegasse perto do relato disseminado. Não há boletins de ocorrência registrados. Não há pais e mães que tenham colocado no papel para um policial militar, guarda municipal ou investigador da Polícia Civil que alguém dirigindo um furgão branco tenha tentado sequestrar seu filho! Essa é a única verdade que precisa ser compartilhada”.

Edição n.º 1450.